Tempo seco causa irritações e agrava problemas oculares

20 de agosto de 2007, às 0h00 - Tempo de leitura aproximado: 2 minutos

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O tempo seco que predomina em boa parte do país tem deixado os olhos mais vulneráveis a irritações e agravado problemas como a síndrome do olho seco e a conjuntivite, alertam os oftalmologistas.

Mesmo para aqueles que têm uma produção lacrimal normal, a secura do ar pode provocar um desconforto leve. Já os que possuem alguma deficiência na produção de lágrimas ficam mais suscetíveis a infecções oculares.

Com o clima seco, a lágrima – que reveste a córnea – evapora mais facilmente e deixa os olhos menos protegidos. O incômodo aumenta. Os sintomas são de sensação de corpo estranho, cansaço visual no final do dia (com as pálpebras mais pesadas), coceira e vermelhidão.

“É como uma situação em que se fica virado de frente para o ventilador. Alguns minutos depois, você precisa piscar mais rápido e sente maior desconforto”, afirma Newton Kara, professor de oftalmologia da USP e da Unicamp.

Na semana passada, 12 Estados – Acre, Ceará, Goiás, Maranhão, Minas Gerais, Mato Grosso do Sul, Mato Grosso, Pará, Paraná, Rondônia, São Paulo e Tocantins -, além do Distrito Federal, registraram níveis de umidade relativa do ar abaixo dos 30%, índice considerado preocupante pela OMS (Organização Mundial da Saúde). Para esta semana, segundo o Inmet (Instituto Nacional de Meteorologia), a baixa umidade deve prevalecer.

No tempo seco, o equilíbrio entre os olhos e o ambiente se altera. Com o ressecamento da lágrima, a córnea fica diretamente exposta ao ambiente e a bactérias.

Para aliviar os olhos, pode-se usar o colírio de lágrima artificial. “Mas, mesmo que o desconforto esteja grande, não use colírios antibióticos ou com corticóide sem acompanhamento médico. Eles podem desencadear problemas como glaucoma ou catarata”, alerta o presidente do Instituto da Visão da Unifesp, Rubens Belfort.

A lágrima é composta por três camadas: a interior, formada por muco, a exterior, mais oleosa, e uma terceira, na porção intermediária, composta de material aquoso, explica Kara.

Quando a camada aquosa sofre evaporação, “a visão fica borrada e o olho passa a contar com menos defesas”, diz o médico professor de oftalmologia.

Nesta época do ano, a poluição e o frio em determinados dias contribuem para o surgimento de alergias e infecções, afirma Belfort. “Fica um ciclo de poluentes, frio e ar seco, o que compõe um ambiente bastante prejudicial aos olhos.”

Os casos de conjuntivite aumentam na medida em que a circulação de vírus é mais intensa no frio.

Olho seco

Assim, mesmo as pessoas que não têm a chamada síndrome do olho seco -deficiência na quantidade de lágrimas que o olho produz -, acabam sofrendo irritação.

De acordo com Kara, até 50% da população acaba sofrendo um desconforto nessa época.

A síndrome do olho seco acomete em geral mulheres durante e após a menopausa. Pessoas que sofrem de doenças inflamatórias ou hormonais ou ainda distúrbios da tireóide apresentam a síndrome do olho seco com freqüência maior.

Fonte:Folha de S. Paulo