Interior do Amazonas sob domínio estrangeiro

23 de abril de 2007, às 0h00 - Tempo de leitura aproximado: 2 minutos

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Fonte: Amazonas Em Tempo

As longas distâncias entre os municípios, aliadas à falta de transporte eficiente (fluvial, aéreo e terrestre), além de infra-estrutura inadequada, como ausência de comunicação (telefone e internet), agências bancárias e até mesmo a diferença de fuso horário e a baixa remuneração são fatores determinantes para que os médicos não se sintam atraídos em atuarem no interior do Amazonas. Esta carência acaba despertando nos médicos estrangeiros a oportunidade de conquistar uma vaga de trabalho e migraram para os municípios do Estado.

A declaração foi feita pela secretária executiva da Susam (Secretaria Estadual de Saúde), Eliane Feijó. Ela falou ainda que a falta de interesse desses profissionais é grave, pois a secretaria dispõe de dinheiro, mas não há demanda. “Mais do que uma boa remuneração, o médico necessita também de estrutura para exercer uma atividade satisfatória. A falta de estrutura técnica para exercer a especialidade desanima qualquer profissional que, ao fim de um ou dois anos, acaba deixando o interior para onde foi em busca de conciliar um bom trabalho, com remuneração digna e qualidade de vida”, explicou.

Entretanto, a médica destacou que mesmo com salários menores, os médicos brasileiros preferem atuar nos grandes centros, onde estão localizadas as melhores clínicas, hospitais, laboratórios e centros de referência, possibilitando agregar informações e fazer cursos que, geralmente, não são oferecidos no interior.

“Não é apenas o salário que importa, mas é preciso garantir condições de trabalho aliado à reciclagem profissional. Alguns médicos se queixam da falta de internet e agência bancária. Não adianta pagar R$ 30 mil, por exemplo, a ele se não tem como se deslocar, em casos de emergência, para a capital. O Amazonas oferece condições geográficas desfavoráveis (seca, enchente), mas isso é uma realidade e temos que trabalhar nessas condições. A Susam dispõe de recursos para oferecer ao médico, mas faltam profissionais interessados em ir para o interior”, lamentou.

Eliane destaca que o desinteresse é total, e a exemplo disso ela citou o processo seletivo oferecido pela Susam. Ela informou que, de 61 municípios, cinco não tiveram nenhum médicos inscritos: Amaturá, Itamarati, Japurá, Jutaí e Tonantins, localizados no Alto Solimões e Purus. “De 246 vagas oferecidas no último concurso, em 2005, 107 não foram preenchidas”, observou.