A REALIDADE SOBRE O GÁS EM MATO GROSSO

21 de agosto de 2012, às 15h12 - Tempo de leitura aproximado: 3 minutos

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Notícias recentes sobre a ocorrência de Gás natural relatadas pelos órgãos de comunicação tem levado as mais diferentes expectativas sobre a viabilidade econômica do petróleo e gás no subsolo mato-grossense.Tais notícias, em função do seu caráter “explosivo”, causam por parte da população em geral um interesse cada vez maior.

Os problemas advindos da crise econômica mundial, relacionado aos mercados de commodities, associados aos recentes problemas de fornecimento de gás da Bolívia para Mato Grosso dão ainda maior relevância ao assunto. Na verdade, já existiam trabalhos executados pela Petrobrás na década de 80, que incluíram perfurações na borda da Bacia do Paraná, a porção Meridional do Estado, que se estende ao Sudeste e ao Sul do Brasil, onde foram realizadas várias perfurações profundas pela antiga Paulipetro, estatal do petróleo durante o Governo Paulo Maluf em São Paulo.

A Bacia do Paraná, juntamente com a Bacia do Parecis, porção Setentrional do estado, objeto do atual interesse na prospecção de gás, foram objeto de trabalhos realizados pela Petrobras nas décadas de 80 e 90 (Levantamentos Geológicos e Geofísicos). Tais bacias, de idade Paleo-Mezosóica (Idades em torno de 650 M.a), possuem efetivamente Ambiência Geológica adequada a geração de hidrocarbonetos.

Em princípio a existência de petróleo e gás nestas regiões esta sujeita a existência dessas bacias sedimentares, que permitem a acumulação desses hidro-carbonetos, em depressões da crosta terrestre, nos quais, em intervalos de tempo ao longo da historia da terra, enormes massas de organismos vegetais e animais foram sendo depositados e pela ação do calor e da pressão das camadas que lhe são sobrepostas, transformaram-se por reações termoquímicas em óleo e gás (rocha matriz).

A existência de uma rocha sedimentar porosa permite a sua acumulação e posteriormente sua migração para regiões de menor pressão onde encontram a rocha reservatório, geralmente arenitos e calcários porosos. Para que ocorra a contenção dessas acumulações é necessária a existência de trap’s ou armadilhas, que são as rochas que vão impedir a migração do petróleo e permitir a formação de uma “jazida petrolífera”.

Por isso as condições especiais para o acumulo de petróleo e gás exigem condições adequadas tanto geológicas quanto temporais, sendo estas que permitem o acumulo econômico do petróleo ou gás desde poucos metros até profundidades quilométricas.Tais condições devem estar presentes nas bacias sedimentares em pesquisa no Estado de Mato Grosso.

As diversas etapas necessárias a pesquisa petrolífera são baseadas em duas ciências correlatas: a geologia , que estuda a origem e o desenvolvimento da crosta terrestre e a geofísica , que estuda os fenômenos físicos que atuam sobre a terra. Portanto, métodos de mapeamento geológico (de superfície e subsuperfície – sondagens) e levantamentos geofísicos (gravimetria, magnetometria, sismografia); são necessários, juntos e separadamente, para avaliar o potencial de uma bacia.

Apenas a continuidade desses trabalhos, em regime de concessão ou outra qualquer, num prazo não inferior a seis anos permitirá informações sobre a realidade ou não da ocorrência de depósitos econômicos de gás nas Bacias do Parecis. Serão ainda necessários estágios de avaliação e desenvolvimento para se chegar até a base de produção. De qualquer maneira apenas o indício da presença de gás tem provocado o interesse pelo assunto mineração de hidrocarbonetos em nosso estado.

*Geólogo Marcos Vinícius Paes de Barros
• Geólogo, Chefe do DGM/METAMAT
• Conselheiro Titular do CREA/MT