A geóloga Aryelle Lima destaca as várias áreas de atuação e o mercado de trabalho em MT

26 de setembro de 2017, às 8h41 - Tempo de leitura aproximado: 6 minutos

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Aryelle Lima de Moraes, de 28 anos, nasceu em Cuiabá e além do seu amor pela Geologia, cultiva um amor por Chico Buarque, Agatha Christie e viajar. Filha de dona Ana Lucia Silva Lima, auxiliar de serviços gerais, que sempre acreditou que estudar seria o caminho do sucesso para Aryelle. A geóloga leva a vida de forma positiva, acreditando que tudo que é feito com esforço, dedicação e amor dá certo, atualmente Aryelle é mestre em Geologia pela Universidade Federal de Mato Grosso (UFMT) e trabalha como autônoma.

1- Onde e quando se formou e, por que escolheu o curso de Geologia?

Graduei-me em Geologia em fevereiro de 2014, na UFMT. Escolhi o curso, justamente, pelo caráter interdisciplinar e exploratório dessa profissão. A Geologia é uma ciência que, através dos processos interativos entre as áreas de química, física, matemática e biologia investiga o Planeta Terra desde sua origem, a composição química de substratos rochosos e solos, explora bens minerais como o ouro e o petróleo e também ajuda a sociedade a prever fenômenos naturais como terremotos e deslizamentos de terras. A Faculdade de Geociências (FAGEO) da UFMT valoriza o ensino prático dos seus alunos e durante minha graduação, eu e minha turma tivemos muitas aulas de campo em cidades do interior de Mato Grosso e também em outros estados como Goiás, Minas Gerais e Bahia para podermos vivenciar na prática o dia a dia de um geólogo. Realizamos mapeamentos geológicos básicos e de detalhes, descrições de rochas e solos, utilizamos geofísica para identificação de lençol freático, analises tectono estruturais, confecções de mapas geológicos, visitas a minas de exploração mineral e outras atividades. Em abril de 2017 defendi minha dissertação de pós-graduação em Geociências, também na UFMT, onde juntamente com meu orientador, o geólogo prof. Dr. Francisco Egídio Cavalcante Pinho, analisei cinco espécies vegetais, a fim de utilizar essas plantas como meio de amostragem em exploração geoquímica, com interesse especial ao níquel, na região do Morro “Sem Boné”, no município de Comodoro.

2 – O que fazer para conseguir se destacar no mercado e como é o dia a dia de quem trabalha nesta profissão?

O campo de atuação de um Geólogo é bem amplo, o mesmo pode atuar em: exploração de jazidas de minérios, exploração de petróleo e gás, outorga de águas subterrâneas, licenciamento ambiental, geofísica, geotecnia, paleontologia, mineralogia e dentre outras funções. Então, de acordo com cada setor escolhido por um geólogo, suas funções e seu dia a dia serão diferentes. Em minha experiência de trabalho com processos de outorga de águas subterrâneas, que realizei em conjunto com a geóloga Gabriela dos Santos, na qual tínhamos que seguir os Termos de Referência Padrão da Secretaria Estadual de Meio Ambiente de Mato Grosso (Sema/MT) para podermos protocolar os processos de cadastro de uso insignificante ou de outorga de água subterrânea e para isso, por exemplo, é necessário realizar teste de vazão e de bombeamento por pelo menos 24 horas no poço tubular profundo.

O mercado de trabalho busca profissionais que saibam manusear softwares como ArcGisDatamineLeapfrog e até mesmo o Google Earth e que tenha fluência em uma língua estrangeira, como o inglês. Além disso, um bom profissional sempre se destaca pela forma que lidera uma equipe em campo, pela iniciativa e dedicação ao projeto e/ou obra de trabalho, pelo compromisso para com o empregador e respeito pela própria profissão.

3– Quais as oportunidades no mercado de trabalho e os maiores desafios enfrentados em MT?

Não tem como falar sobre as oportunidades no mercado de trabalho, sem citar o setor mineral brasileiro, pois a economia do Brasil está intimamente ligada com a mineração. Mato Grosso ocupa uma posição de destaque nacional na prospecção de ouro, diamante e rochas carbonáticas. O Estado também possui um grande potencial para depósitos poli metálicos de metais-base e depósitos de níquel. Os maiores desafios enfrentados aqui são a falta de logística de transporte e investimentos em energia elétrica, o que inviabiliza os investimentos no setor mineral no Estado, além, é claro, da crise nacional no setor mineral. O setor mineral brasileiro passa por uma de suas maiores dificuldades desde o ano de 2010, por causa da morosidade em se aprovar o novo Marco Regulatório da Mineração (MRM), o que causou uma crise na economia mineral do país, onde as empresas recuaram seus investimentos nesse setor e realizaram demissões por causa do cenário político instável. Neste ano, o Governo Federal aprovou três medidas provisórias que se convertidas em leis, podem trazer melhorias para o setor minerário, o que ajudará a aumentar as oportunidades de emprego para os profissionais. Vejo, também, como um sinal de melhoria para o setor mineral do Estado, o projeto do governo de Mato Grosso o “Pró Mineração e o Investe Indústria Mineral”. Apesar da crise no setor, observo aqui no Estado várias oportunidades para trabalhar na área voltada à Geologia Ambiental, como outorga de águas subterrâneas, licenciamento ambiental, analise de solos e recuperação de nascentes, que é a área que estou trabalhando atualmente como autônoma.

4 – Como você vê, como geóloga formada e habilitada, a participação em uma entidade de classe? O CREA é formado pelos conselheiros, que são eleitos a partir de sua participação numa entidade de classe. Consideramos que uma entidade forte, fortalece todo o Conselho e possibilita mais representatividade para as categorias que compõe as discussões plenárias.

Vejo a participação em uma entidade de classe muito importante, pois é a partir dela que podemos levar ao Conselho questões sobre a valorização profissional. Um exemplo disto foi a aprovação no Conselho do Crea-MT da Tabela de Honorários Mínimos de Serviços de Geologia, em abril de 2017. Isso só foi possível graças ao resultado de debates entre a  Agemat, Singemat e o Geoclube. Não tínhamos ainda aqui em Mato Grosso, uma tabela de Honorários e com essa aprovação, nossa categoria foi favorecida. Vejo o CREA como um forte representante dos profissionais, nos dando segurança. Gostaria que os geólogos tivessem mais participação nos Conselhos para sermos ainda mais representados, aliás, já vejo que aqui no CREA-MT isso já está acontecendo.


5 – A partir de sua experiência e conhecimentos adquiridos, que conselhos você daria para os estudantes que decidiram fazer geologia e aos profissionais que estão entrando no mercado de trabalho?

Novas oportunidades estão surgindo, tentem ter uma experiência de estágio e uma troca de experiência profissional. Vejam que além da mineração, a Geologia oferece outras áreas de trabalho para atuação.