Emprego crescerá em 2008, recuperação salarial perde fôlego

2 de janeiro de 2008, às 0h00 - Tempo de leitura aproximado: 2 minutos

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As primeiras previsões para 2008 indicam que o emprego estará em alta em vários setores produtivos no País. Uma sondagem da FGV, por exemplo, mostrou que dois terços das indústrias pretendem contratar funcionários até fevereiro. A construção civil, em particular, projeta bater recordes na contratação de mão-de-obra. O setor automotivo planeja ultrapassar 3 milhões de veículos fabricados, o que significa mais postos de trabalho. Novas siderúrgicas entram em operação, tudo para fazer frente ao crescimento de 10,8% na produção de aço bruto para 2008 – a meta é praticamente dobrar a capacidade produtiva até 2012.

Uma projeção da LCA Consultores aponta que os novos empregos com carteira assinada devem fechar 2008 próximos ao 1,7 milhão de 2007. O ministro Carlos Lupi discorda: “Alcançaremos sim os 2 milhões de empregos, isso porque o investimento é maciço.” Há quem fale em números maiores para a geração de empregos, dependendo do desempenho da economia. Mas, mesmo com tanta confiança, não há ninguém muito otimista com o aumento dos salários.

A expansão do emprego tende a ser maior para quem tem mais estudo, vive fora das metrópoles e recebe menos de 2 salários mínimos ou na faixa de 5 a 10 salários. E a renda do trabalhador das regiões metropolitanas em novembro deste ano, R$ 1.143,60, é ainda inferior aos R$ 1.167,96 do mesmo mês de 2002. Segundo o Dieese, o valor mínimo para atender todas as necessidades básicas de um brasileiro são R$ 1.726,24 mensais.

É nesse contexto de mais empregos, porém com a média dos salários ainda em rédea curta, que o brasileiro vive a retomada do crescimento da economia. Em 2007, aumentou o emprego formal e diminuiu o desemprego. A taxa de desocupação de 8,2% em novembro foi a menor desde março de 2002. Lentamente, o País vai gerando mais postos de trabalho do que o ingresso de novos trabalhadores no mercado.

Inflação
A evolução da renda real, porém, está sujeita às pressões inflacionárias. O poder aquisitivo continuará submetido a teste em 2008, quando é provável que as tarifas de serviços públicos voltem a subir após a evolução desfavorável dos IGPs (que fecharam 2007 acima de 6%).

Por isso, a avaliação do analista Fábio Silveira, da RC Consultores, é de que apesar de continuar em crescimento, a massa real de rendimento dos brasileiros desacelere nos próximos anos. “Para 2007, estimou-se um aumento da massa real de rendimentos (MRR) de 6%, com crescimento de 3% no pessoal ocupado. Para 2008, o pessoal ocupado também deve crescer 3%, porém a MMR deve crescer apenas 5%.” Em 2009, ainda menos: 4%.

Expansão
A Confederação Nacional da Indústria previu crescimento de 5% para os PIBs brasileiro e industrial, de 14% dos investimentos e de 6,2% do consumo das famílias no próximo ano. É quase uma cópia dos dados reais da economia do terceiro trimestre de 2007, divulgados pelo IBGE. “A expectativa para 2008 é que serviços, comércio e a indústria de transformação liderem a geração de empregos seguidos pela construção civil”, diz Lupi.

Fonte:RDM