Biocombustíveis do Brasil são exemplo aos EUA, diz presidenciável

15 de março de 2007, às 0h00 - Tempo de leitura aproximado: 3 minutos

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Fonte:Folha Online

O presidenciável democrata americano Barack Obama disse à BBC Brasil que “o Brasil fez um excelente trabalho em estimular a sua indústria de combustíveis alternativos”. E acrescentou que “os Estados Unidos devem seguir esse exemplo”. Na semana passada, Obama elogiou a cooperação entre Brasil e Estados Unidos na área de biocombustíveis, mas alertou para os riscos de que o país venha a substituir a sua dependência de petróleo importado pela dependência do álcool brasileiro.

Questionado sobre o que achava da proposta feita pelo governo brasileiro de que os EUA reduzam a taxa de US$ 0,54 (R$ 1,13) por galão cobrada sobre o álcool que o Brasil exporta para o país, o senador desconversou.

“Eu não vi os detalhes do acordo. É preciso ver os termos do acordo antes de comentar”, afirmou, em referência ao memorando de cooperação na produção de álcool que Brasil e EUA firmaram durante a visita do presidente George W. Bush ao país.

Obama esteve entre os senadores que apoiaram a medida que estendeu a sobretaxa que os EUA cobram sobre o álcool importado até janeiro de 2009. O senador representa o Estado de Illinois, um dos maiores produtores de milho e de cana-de-açúcar dos EUA.

O projeto foi apresentado pelo senador Charles Grassley, do Estado de Iowa, que é o maior produtor americano tanto de milho como do biocombustível. O etanol americano é obtido a partir do milho.

Os comentários do senador foram feitos após sua participação no Fórum Presidencial Bipartidário, um evento realizado nesta quarta-feira em Washington e promovido pela Associação Internacional de Bombeiros, entidade que conta com 280 mil membros nos EUA e no Canadá.

Elogios e ressalvas

Durante um discurso no Senado realizado semana passada, Obama disse que “uma maior produção de álcool por parte do Brasil poderia estimular o desenvolvimento econômico sustentável na região e reconfigurar a geopolítica de energia na região, reduzindo a influência propiciada pelo petróleo de Hugo Chávez, da Venezuela”.

Mas Obama acrescentou que “substituir o petróleo importado por nosso país pelo álcool brasileiro não atende aos nossos interesses nacionais e econômicos. Em outras palavras, aqueles que advogam substituir a produção de biocombustíveis americanos pela exportação brasileira de álcool, por mais bem intencionados que sejam, não compreenderam nosso desafio energético de longo prazo e estão ignorando uma valiosa oportunidade de política externa”.

De acordo com o senador, “os EUA precisam ampliar dramaticamente sua produção doméstica de biocombustíveis e não abraçar um ajuste que desestimule investimento na expansão da indústria nacional de combustíveis renováveis”.

O representante do Illinois afirmou que “transferir tecnologia para os vizinhos dos EUA no Caribe e na América do Sul irá ajudá-los a empregar seus próprios recursos para produzir álcool ambientalmente limpo e reduzir as suas contas de gasolina, promovendo, dessa forma, estabilidade econômica no Caribe e na América do Sul e fortalecendo a relação entre Brasil e EUA”.

Obama concluiu que será “vital que o presidente Bush mantenha o Congresso envolvido em cada passo dado” na parceria entre os dois países na produção de combustíveis renováveis. Obama acrescentou que “essa relação deve ser estruturada de forma a não dificultar a produção nacional de biocombustíveis ou o desenvolvimento de tecnologias que possam aprimorar a nossa segurança energética”.

Autonomia

Durante seu pronunciamento nesta quarta-feira, em Washington, o senador voltou a falar das oportunidades representadas pelos biocombustíveis para a indústria nacional americana e para a busca do país por autonomia energética.

O político do Illinois foi um dos poucos presidenciáveis presentes ao fórum que tratou de biocombustíveis em seu discurso. O tema esteve ausente dos pronunciamentos de Hillary Clinton, John Edwards e John McCain.

Obama afirmou que não faz sentido que os EUA paguem “US$ 800 milhões pelo petróleo de algum ditador do Oriente Médio, quando podemos investir em combustíveis renováveis aqui mesmo em Iowa ou no meu Estado natal, Illinois”.