Geoparque Chapada dos Guimarães realiza workshop sobre crise hídrica e futuro do turismo na região
21 de outubro de 2025, às 16h11 - Tempo de leitura aproximado: 3 minutos
O Geoparque Chapada dos Guimarães realizou, na última sexta-feira (17), um workshop sobre crise hídrica e futuro do turismo na região, evento que discutiu abastecimento, geologia local e sustentabilidade. O Conselho Regional de Engenharia e Agronomia de Mato Grosso (Crea-MT) foi representado pelo engenheiro civil e conselheiro Darci Lovato durante o 5º Workshop Geoparque Chapada dos Guimarães, na Câmara Municipal do município. Especialistas, pesquisadores e gestores públicos puderam debater sobre como a problemática tem afetado o município de Chapada dos Guimarães-MT.
A programação contou com palestras técnicas e mesas de debate sobre temas como a geologia local, os impactos das mudanças climáticas sobre o turismo e as perspectivas de reconhecimento da região como Geoparque mundial pela Unesco. O encontro foi promovido pela Federação Brasileira de Geólogos (Febrageo), Geoparque Chapada dos Guimarães e Associação dos Geólogos de Cuiabá (Geoclube), com apoio da Prefeitura Municipal, Agemat e Singemat e Crea-MT.
Durante o workshop, o presidente da Febrageo e professor da UFMT, Caiubi Kuhn, destacou que as nascentes de Chapada dos Guimarães, localizadas a cerca de 67 km de Cuiabá, são responsáveis por cerca de 50% do abastecimento de água da Capital, enquanto o próprio município enfrenta períodos de racionamento: “Quem abastece cerca de 50% da cidade de Cuiabá, em quantidade e qualidade de água, é a região da Cidade de Pedra, em Chapada dos Guimarães, com as nascentes do Rio Coxipó, que vêm do Aquífero Guarani. Além disso, boa parte da água do Rio Cuiabá também tem origem nos rios de Chapada, formados a partir desse mesmo aquífero. Esses rios são fundamentais não só para Cuiabá, mas também para o Pantanal”, explicou.
Segundo o especialista, o grande reservatório subterrâneo é resiliente em períodos de seca devido à alta taxa de recarga hídrica, processo em que a água da chuva infiltra no solo e alimenta o aquífero. “Em locais como na Cidade de Pedra, é possível ouvir a água surgindo das nascentes que vêm do subsolo nessa região”, detalhou.
Já o perímetro urbano de Chapada dos Guimarães está assentado sobre uma formação geológica chamada Formação Ponta Grossa, que possui baixa capacidade de recarga. Essa característica, somada ao crescimento urbano e ao aumento da demanda durante a alta temporada, agrava os episódios de escassez de água na cidade.
O geógrafo e professor da UFMT, Cleberson Ribeiro de Jesuz, diretor do Instituto de Geografia, História e Documentação (IGHD), alertou que o avanço de condomínios pode comprometer o sistema hídrico que abastece tanto Chapada quanto Cuiabá: “Quando você vem de Cuiabá para Chapada, vê muitos condomínios sendo abertos. Ali há nascentes que passam pelo Véu de Noiva e correm direto para o Rio Coxipó. O uso dessa água traz consequências, e, se pensarmos no sistema como um todo, o impacto atinge diretamente Cuiabá, que é abastecida pelo Coxipó”, afirmou.
Para o prefeito de Chapada dos Guimarães, Osmar Froner, o município enfrenta um desafio de planejamento. Segundo ele, é necessário adotar soluções estruturantes para garantir sustentabilidade ao crescimento populacional e à demanda por água, ele destacou ainda que a revisão do modelo de captação e o novo Plano Diretor são medidas essenciais para o futuro.
A discussão sobre a disponibilidade hídrica integrou a palestra “Águas em Chapada: onde tem, onde quase não tem?”, uma das atividades de destaque do evento.
Edital de Chamamento Público
O 5º Workshop Geoparque Chapada dos Guimarães foi realizado com recursos do Edital de Chamamento Público nº 001/2025, promovido pelo Conselho Regional de Engenharia e Agronomia de Mato Grosso. O edital tem como objetivo apoiar projetos desenvolvidos pelas entidades de classe registradas no conselho, fortalecendo a valorização profissional, a qualificação técnica e o desenvolvimento das engenharias, agronomia e geociências em Mato Grosso.
Texto: Assessoria de Comunicação do Crea-MT | Fonte: Febrageo, reprodução rdnews