Em busca da cidade sustentável

21 de agosto de 2012, às 15h12 - Tempo de leitura aproximado: 4 minutos

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O desenvolvimento de nossas cidades é uma realidade. Nas últimas décadas temos experimentado índices de desenvolvimento pouco imagináveis até pouco tempo. Porém, temos constatado também um fato que gera preocupação. Esse crescimento se dá sem planejamento, cujas conseqüências podem ser perigosas. Dessa maneira, um dos principais desafios enfrentados pelos administradores e profissionais da área tecnológica é a busca de soluções que garantam a sustentabilidade urbana. É necessário sempre promover o desenvolvimento econômico e social das cidades sem comprometer o futuro e a qualidade de vida das próximas gerações. Nesse sentido é fundamental e imprescindível aliar tecnologia à preservação ambiental, histórica e cultural.

Temos algumas experiências de sucesso. Cidades como Barcelona, Paris Londres e Beirute conseguiram a sustentabilidade urbana, um desafio enfrentado pela grande maioria dos países. Mas, vale destacar que, internamente, para atingir esse objetivo, cada nação tem metas específicas que estão diretamente relacionadas com seu grau de desenvolvimento. As experiências de sustentabilidade em países como Canadá, Noruega, China, Brasil, Peru, Estados Unidos, Arábia e Líbano revelam que as peculiaridades regionais são determinantes para sua aplicação.

Nos países desenvolvidos, as principais preocupações giram em torno de problemas como preservação do patrimônio histórico, incremento no turismo, políticas de imigração, investimento em tecnologia de ponta, integração do transporte modal, energias alternativas, além de outros temas voltados para a melhoria da qualidade de vida urbana. Já os países em desenvolvimento reivindicam infra-estrutura básica como água tratada, esgoto sanitário, energia ou até mesmo melhor distribuição de renda e diminuição da violência urbana.

O Brasil precisa encontrar logo esse caminho. Hoje integramos o Grupo de Trabalho (GT) de Meio Ambiente, do Colégio de Presidentes de Creas, que tem entre suas propostas realizar projetos voltados ao desenvolvimento sustentável das cidades e da sociedade, levando em consideração principalmente o meio ambiente, as preocupações com o desmatamento e os recursos hídricos, além de outros fatores que promovam o bem estar da sociedade.

A tecnologia é indispensável em todos os sentidos. No desenvolvimento de cidades onde os serviços básicos de habitação, infra-estrutura e meio ambiente convivam harmoniosamente e estejam à disposição de todos, a contribuição da área tecnológica é fundamental. Tecnologias de utilização de energia limpa e renovável, reaproveitamento de resíduos e adequação ao ambiente natural são alguns dos exemplos de contribuições da área para a sustentabilidade urbana.

É claro que para atingir qualquer objetivo é preciso investimento. Mas, para se construir dentro do plano de sustentabilidade, há o que podemos chamar de linhas mestras. Seguindo essas linhas, os resultados serão sempre positivos. Vamos a alguns exemplos:

GESTÃO DE OBRAS: Estudo de impacto ambiental; Análise de Ciclo de Vida da obra e materiais; Planejamento Sustentável e Aplicação de Critérios de sustentabilidade; Gestão dos resíduos na obra; Estudos de consumo de materiais e energia para manutenção e reforma; Logística dos materiais; Aproveitamento passivo dos recursos naturais: iluminação natural, conforto térmico e acústico, formação e interferências no microclima;

EFICIÊNCIA ENERGÉTICA: racionalização no uso de energia fornecida e, quando possível, aproveitamento de fontes de energia renováveis, como eólica (vento) e solar; uso de dispositivos para conservação de energia;

GASTOS E ECONOMIA DA ÁGUA: uso de sistemas e tecnologias que permitam redução no consumo da água; uso de tecnologias que permitam o reuso e recirculação da água utilizada na habitação (fins não-potáveis); aproveitamento de parte da água de chuva para fins não-potáveis e até potáveis (dependendo da região e do tratamento aplicado);

GESTÃO DE RESÍDUOS GERADOS PELOS USUÁRIOS: criação de área(s) para coleta seletiva do lixo, destinação e reciclagem; Qualidade do ar e do ambiente interior: criação de um ambiente saudável, respirante, não-selado/plastificado, isento de poluentes (tais como partículas em suspensão, COVs/ compostos orgânicos voláteis), com uso de materiais biocompatíveis, naturais e/ou que não liberem substâncias voláteis;

CONFORTO TERMO-ACÚSTICO: uso, se preciso for, de tecnologias eco-inteligentes para regular a temperatura e som compatíveis com o ser humano; umidade relativa do ar adequada. Uso de ecoprodutos e tecnologias sustentáveis para todas as instâncias da obra. Não-uso ou redução no uso de materiais condenados na Construção Sustentável, como PVC, amianto, chumbo, alumínio.

Os Creas têm uma grande preocupação em contribuir para as cidades sustentáveis. O Grupo de Trabalho de Meio Ambiente tem a construção sustentável como prioridade. Defendemos obras que sejam desenvolvidas com especial respeito e compromisso com o meio ambiente, de forma a atender as necessidades de habitação do homem moderno, preservando o meio ambiente e os recursos naturais, garantindo qualidade de vida para as gerações atuais e futuras.

Eng Civil Tarciso Bassan