Doutora da UFMT afirma que preconceito contra mulheres existe apenas para quem sofre
8 de março de 2012, às 9h42 - Tempo de leitura aproximado: 2 minutos
Em visita à Universidade Federal de Mato Grosso- UFMT, na semana do Dia Internacional da Mulher, o Crea Mato Grosso conversou com professoras e acadêmicas dos cursos de Engenharia Agronômica, Civil, Elétrica, Florestal e Sanitária.
Observando as placas de homenagem das turmas que se formaram nos últimos dez anos, percebe-se um aumento sensível de mulheres que adotaram como profissão funções que há pouco tempo era predominantemente exercida por homens.
Ao visitar as salas de aula, do primeiro ao último ano dos cursos, embora esta seja a primeira semana do ano letivo da universidade, ficou constatado que a porcentagem de homens em sala ainda é superior a 70%, e que o número de mulheres que iniciam o curso se mantém o mesmo até a formatura. Também é visível que em alguns cursos a presença de mulher ainda é muito pequena, como é o caso de Engenharia Elétrica. Estas bservações foram confirmadas pela professora e chefe do departamento de fitotecnia e fitosanidade do curso de agronomia, doutora Daniela Tiago da Silva Campos.
Com os títulos acumulados de graduação como engenheira agrônoma pela UFMT, em 1999, mestre em Sistema de Produção pela Universidade Estadual de São Paulo -Unesp, doutora em Microgiologia Agrícola pela Universidade Federal de Viçosa e pós-doutora em Biologia Molecular pelo Centro de Energia Nuclear na Agricultura da USP, Daniela afirma que jamais sentiu qualquer tipo de preconceito ou discriminação em qualquer das instituições pelas quais tenha passado. “Sou de uma geração mais recente e sempre discutimos as questões da área em pé de igualdade. Como professora, procuro sempre disseminar, entre as alunas, que o preconceito existe apenas para aqueles que sofrem e que o fato de usarmos brincos e outros assessórios não diminuem em nada a capacidade da mulher fazer em campo o que os homens fazem.”
Questionada sobre as suas escolhas, a doutora explicou que querer desenvolver uma função taxada como masculina não é por idealismo feminista ou uma luta em busca pelo espaço das mulheres. “Foi apenas minha vocação falando mais alto. Cresci no meio rural e sentia que poderia contribuir nesta área. Muito embora saibamos que para muitas funções os homens têm mais força, para outras a tranquilidade e a sensibilidade da mulher é a característica chave, como os trabalhos laboratorias e a pesquisa, por exemplo.”
Em 2001, Daniela recebeu o “Prêmio Top Ciência” da multinacional Basf, pelo estudo de diferentes tratamentos fitosanitários na cultura da soja e a sua influência nos micro-organismos do solo, e como orientadora de futuras engenheiras, mestres e doutoras, a professora vê nas mulheres um potencial natural que deve continuar sendo incentivado. “O preconceito e a discriminação contra a mulher foi sendo vencida aos poucos no curso da história e acredito, como meus alunos também acreditam, que num futuro bem próximo já não veremos cisão alguma entre homens e mulheres.”, concluiu Daniela.
*Josemara Zago
Gecom/Crea-MT