CREA-MT sedia encontro voltado a execução de projetos de armazenagem

17 de outubro de 2017, às 12h56 - Tempo de leitura aproximado: 4 minutos

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Em parceria com a Associação de Produtores de Soja (Aprosoja), o Conselho Regional de Engenharia e Agronomia (CREA-MT) recebeu nesta terça-feira (17), cerca de 80 profissionais da engenharia para debater os projetos de execução de armazéns no Estado, através do projeto Armazena MT.

Mato Grosso tem hoje uma produção agrícola em torno dos 60,76 milhões de toneladas, contudo, dentro do Estado, não é possível armazenar toda esta produção. O déficit atual é de mais de 39 milhões de toneladas e, segundo o Banco do Brasil, um dos financiadores de projetos, Mato Grosso é o estado brasileiro com maior déficit nesta área.

Dados da Aprosoja mostram que a expectativa para a produção de soja, em 2025, é de atingir os 46 milhões de toneladas, já o milho, chegará a 39 milhões de toneladas, contudo, não há perspectiva imediata de conseguir estocar esta produção nas condições atuais.

Desta forma, o objetivo do encontro é “uma tentativa de mudar esta realidade. Existe um movimento dos bancos, produtores e profissionais da engenharia no sentido de trabalhar para mudar esta situação, mas, falta a união de todos para que isto se concretize”, enfatiza Frederico Azevedo, gerente de política agrícola da Aprosoja.

Foram elencados alguns problemas que hoje afetam os produtores que não tem armazéns disponíveis: Preço, acaba-se vendendo o produto mais barato porque não há onde armazená-lo; Recepção do produto, perde-se produto, pois não há armazém suficiente; Classificação – haveria melhora no produto entregue e mais padronização, se o produtor tivesse seu próprio armazém. Muitos produtores apenas colhem e já têm que carregar as carretas, pois não há onde colocar o produto. Isto representa perda de produto, qualidade e recursos.

O 2° vice-presidente do CREA-MT, o agrônomo Clóvis Albuquerque, deu boas vindas aos profissionais que atenderam ao convite do Conselho e explicou que o encontro é uma forma de alinhar os agrônomos, “pois são eles que são os agentes desta mudança, são a ponta no processo. São eles que tem o conhecimento técnico para saber qual a melhor forma de armazenar e conhecem de perto as perdas e dificuldades enfrentadas nas safras”, frisou o conselheiro.

O Banco do Brasil tem disponibilizado para Mato Grosso, R$ 6,6 bilhões em recursos do FCO para a safra 2017/2018. Atualmente, cerca de 41,7% já estão contratados. Segundo o representante do BB, João Carlos Guimarães Júnior, “não existe indisponibilidade de recursos para a construção de armazéns”. O que existe é a falta de um alinhamento para que os projetos sejam de fato aprovados e o crédito disponibilizado.

Alto prazo de financiamento e carência; ausência de recursos próprios; falta de experiência de sociedade; restrições cadastrais; ausência de capacidade de pagamento; projetos incompletos ou inadequados; alto valor do financiamento para o porte do empreendimento, entre outros pontos, foram destacados como principais problemas que inviabilizam os projetos colocados em análise no Banco.

Assim, durante o evento, tanto o BB como os representantes do BNDES expuseram além dos principais problemas para o insucesso na contratação de crédito financeiro, suas linhas de crédito e as etapas de avaliação dos projetos.

Rafael Salhab e Márcio Martha, do BNDES, destacaram entre outros aspectos, o que a instituição irá observar no seu Programa de Construção e Ampliação de Armazéns (PCA), que sempre será uma operação indireta com o produtor, pois ele captará recursos com o banco, mas a partir de algum outro agente financeiro.

Planejamento; Objetivos; Metas; Indicadores; Viabilidade Econômica-financeira; Cronograma e Quadro de usos e fontes são aspectos que o banco analisa de forma geral nos projetos, pois que cada item é detalhado de fato, pelos bancos que irão atender ao produtor (CEF, Santander, BB, Sicredi, entre outros).

Após as explanações foi feita uma mesa redonda, onde os profissionais puderam fazer perguntas e esclarecer ainda mais aspectos que envolvem a elaboração dos projetos de armazenagem e pontos relevantes para suas aprovações.

O engenheiro agrônomo Antônio Carlos Capistrano, que trabalha com projetos em Cuiabá, destacou “foi esclarecedor, demonstrando principalmente as principais linhas de crédito. Foi muito interessante, mas teria que acontecer eventos como este mais vezes”.

Já o agrônomo da Empaer, Aylson José Vial, disse que o encontro possibilitou “tirar várias dúvidas, principalmente de quem está atuando na área de projetos. Consegui ter um bom panorama de como está a situação atual”, frisou.

Dentro do site da Aprosoja é possível acessar o blog Armazena MT e, na aba Financiamento, está elencada a documentação que as principais instituições financeiras solicitam para o processo de aquisição de crédito para instalar ou ampliar armazéns.

 

Luciana Oliveira Pereira – Gecom/ CREA-MT