China, Rússia, Coréia e Mato Grosso

21 de agosto de 2012, às 15h12 - Tempo de leitura aproximado: 2 minutos

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Sátyro Pohl Moreira de Castilho, engenheiro civil, presidente do Crea-MT. Em 16/11/2004

Produtores e empresários de Mato Grosso precisam estar atentos com as negociações entre o Governo Lula e os governos da Rússia, China e Coréia do Sul para aproximação comercial. São, sem sombra de dúvida, três amplos mercados a serem conquistados, principalmente a Rússia, onde hoje a pauta comercial com o Brasil não é significativa. Um dos trunfos de Lula na mesa de negociação com esses países é justamente a produção agropecuária. Os três países dependem de importações de soja, milho, algodão e carne, basicamente. E Mato Grosso tem de sobra para dar, ou melhor, vender.

Em reportagem na imprensa nacional foi divulgado que a Rússia alçou o Brasil para a lista dos cinco países com quem privilegia contatos comerciais. O Brasil está equiparado aos Estados Unidos, Inglaterra, França e Ucrânia. A notícia é péssima para produtores rurais norte-americanos, mas ótima para o futuro da balança comercial brasileira.

Rússia, China e Coréia do Sul, por outro lado, têm interesse no Brasil como consumidor de produtos tecnológicos e industriais. Não que o Brasil esteja no patamar de algumas décadas atrás, quando não tinha capacidade exportadora de produtos industriais, mas certamente acordos bilaterais no setor industrial e de pesquisa podem alavancar a própria indústria brasileira, ainda presa fácil dos insumos norte-americanos, ingleses, franceses e alemães.

E quando se fala em indústria, certamente se inclui a agroindústria, tanto de maquinário quanto de produtos fertilizantes. O Brasil, nas últimas duas décadas, avançou muito o seu conhecimento sobre a relação entre produção industrial e mercado agrícola. Tem portanto conhecimento para colocar na mesa em troca de avanços outros conquistados pelos produtores e industriais russos, chineses e coreanos.

Em suma, é boa hora para que aqueles que pensam o futuro econômico de Mato Grosso busquem manter o Estado no centro das discussões entre Brasil, China, Rússia e Coréia. Acredito que Mato Grosso certamente possa ser o Estado brasileiro que mais tenha a lucrar com os avanços da política externa econômica atual, conquistando mercados e tendo acesso ao conhecimento desses países. É uma perspectiva logicamente a médio e longo prazo. Mas, como se diz no jargão agronômico, quem não planta também não colhe.
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