Arena Pantanal será concebida sem acessibilidade é o que aponta o relatório do Crea-MT

30 de setembro de 2013, às 14h33 - Tempo de leitura aproximado: 3 minutos

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Das 19 principais obras da Copa de 2014 em andamento em Cuiabá-MT, entre viadutos, trincheiras, pontes, rotatórias, ampliação do aeroporto, construção do VLT e do estádio Arena Pantanal, as duas últimas merecem  atenção especial, visto que esta será palco dos jogos mundiais e aquela será o principal meio de locomoção entre Cuiabá, onde está localizado o estádio de futebol, e Várzea Grande, onde se encontra o aeroporto.
 
 
Há menos de 260 dias do início dos jogos da Copa do Mundo, mais de 52% das obras estão significativamente atrasadas e apenas 15% estão dentro do cronograma, criando um clima de tensão e deixando a população temerosa quanto a real possibilidade de Cuiabá conseguir cumprir os seus compromissos para ser sede da Copa do Mundo.
 
 
Muito embora seja de grande relevância Cuiabá emplacar como sede deste evento de tamanha grandeza, tanto no aspecto cultural, econômico e político, mais importante é o legado que ficará para Cuiabá. Com foco neste legado o Conselho Regional de Engenharia e Agronomia de Mato Grosso (Crea-MT) vem investindo esforços para que as obras sejam concebidas com qualidade, mobilidade e principalmente, acessibilidade.
 
 
Mesmo que a gestão da Secretaria Extraordinária da Copa do Mundo Fifa 2014 (Secopa) tenha criado obstáculos para o acompanhamento das obras por técnicos, fiscais do Crea-MT e profissionais liberais do sistema tecnológico, a sociedade civil não se deixou ficar de mãos amarradas e constantemente questiona sobre os valores investidos e a técnica empregada na concepção das obras.
 
 
No mês de fevereiro deste ano, em resposta ao pedido de avaliação das normas de acessibilidade que estão sendo aplicadas no projeto do Arena Pantanal, ao Ministério Público do Estado de Mato Grosso, o Crea-MT produziu um relatório completo e detalhado sobre as informações requeridas.
 
 
De uma primeira análise do projeto básico realizada em 2011, algumas observações de irregularidades quanto à acessibilidade foram atendidas no projeto de execução, no entanto muitas outras foram ignoradas, levando o Crea-MT a concluir que o Arena Pantanal é inacessível e impedirá parcela da população de usufruí-lo nos termos do Decreto 5.296/04, visto que eferece obstrução à circulação isonômica para os usuários, funcionários e visitantes.
 
 
De acordo com o último Censo realizado pelo Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE) em 2010, aproximadamente um quarto da população brasileira tem pelo menos um tipo de deficiência visual, auditiva, motora ou intelectual, num total de 45 milhões de habitantes . O número equivale a 24% dos 190 milhões de brasileiros, isso sem falar nas pessoas que possuem mobilidade reduzida a exemplo de idosos e gestantes. “Esse número não pode ser desprezado, por lei inclusive. E como nossas obras são construídas pelos homens para os homens, é fundamental que a variação antopométrica e as diferentes necessidades sejam consideradas em qualquer obra que seja destinada ao uso público.”, observa o presidente do Crea-MT, o engenheiro civil Juares Samaniego.
 
 
Segundo a Coordenadoria de Acessibilidade do Crea-MT, “acessibilidade é permitir que pessoas com deficiências ou mobilidade reduzida participem de atividades comum a todos”, e muitas são as razões que poderão impedir o acesso em amplitude no estádio, a saber: