Apontamentos feitos em relatório do Crea-MT são respondidos pela Secopa

13 de março de 2014, às 16h35 - Tempo de leitura aproximado: 6 minutos

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Relatótio entregue dia 18 de fevereiro à Comissão de infraestrutura da Al-MT fiscalizou 13 obras da Copado Mundo na Capital e apontou falhas em 11 das 13 obras visitadas e diversos apontamentos que geraram sabatina de secretário extraordinário da Copa

 

Representantes do Conselho Regional de Engenharia e Agronomia de Mato Grosso (Crea-MT), acompanharam de perto a sabatina da equipe da Secopa realizada pela Assembléia Legislativa de Mato Grosso (AL-MT) na última quarta-feira (12.03). O primeiro vice-presidente do Crea-MT, engenheiro eletricista Marcos Vinícius Santiago, que representou o presidente Juares Samaniego, disse estar satisfeito com os apontamentos feitos pelo “gestor da Secopa Maurício Guimarães uma vez que se preocupou em responder detalhamente cada pontuação feita pelo relatório do Crea e se comprometeu publicamente com prazos. Vejo que o Crea cumpriu com o seu papel de defender a sociedade”, avalia Santiago.

 

O secretário da Copa em Mato Grosso, Maurício Guimarães, afirmou durante sabatina na Assembleia Legislativa que, com exceção do VLT (Veículo Leve sobre Trilhos), todas as obras visando ao Mundial sofreram aditivo de prazo de entrega. As principais delas, como Arena Pantanal, Aeroporto Marechal Rondon, Fan Fest e Centros Oficiais de Treinamento (COTs), que estão na Matriz de Responsabilidade da Fifa, ainda não estão prontas. “O Mundial começa em 92 dias. O VLT, apesar de não ter ainda formalmente um adivitivo de prazo, não ficará pronto a tempo da Copa e deve ser entregue apenas no fim do ano ou ano que vem”.

 

De acordo com o titular da Secopa, as principais razões que justificariam o atraso no cumprimento dos prazos seriam as interferências como as da rede de esgoto, água e telefonia. Um dos exemplos citados por Guimarães foi a trincheira de acesso ao bairro Santa Rosa, cuja remoção de interferência teria provocado um atraso de oito meses na construção. “Não vamos terminar aquela obra se não houver uma ação da CAB [empresa de saneamento de Cuiabá]”, declarou.

 

O secretário adjunto de Infraestrutura da Secopa, Alysson Sander, que também participou da sabatina, afirmou que ainda aguarda o calendário de remoções de interferência da CAB, e que já recebeu o da Cemat (concessionária de energia), cujo prazo é até o final de abril.

 

Ao contrário da afirmação do governador Silval Barbosa, de que o VLT não consta mais da Matriz de Responsabilidade da Fifa, Guimarães disse que o modal de transporte faz parte sim da lista de obras obrigatórias para a realização do Mundial, da qual também fazem parte a Arena Pantanal, a adequação do entorno da arena, o corredor viário Mário Andreazza, os dois Centros Oficiais de Treinamento (COTs) e o aeroporto Marechal Rondon.

 

Guimarães voltou a dizer que, exceto o VLT, todas as outras obras serão entregues a tempo da Copa do Mundo, que começa em junho. "Cuiabá, no final do ano, terá outro desenho em sua infraestrutura".

 

Falhas e rachaduras – Um trecho da trincheira da Avenida Ciríaco Cândia, em Cuiabá, apresenta falhas nas paredes e pontos do asfalto danificados. O Coordenador da Câmara Especializada Engenharia Civil do Crea, que participou da confecção do relatório das obras da Copa entregua à AL-MT, alertou sobre a situação da trincheira, uma das obras de mobilidade urbana da Copa de 2014. O local foi inaugurado em dezembro de 2013 pela Secretaria Extraordinária da Copa (A água passa pelo paredão da trincheira, que já possui marcas de infiltração, ao invés de sair pela tubulação da drenagem. Outra dificuldade argumentada por motoristas é na curva da trincheira, onde a pista fica estreita demais. “Faltou capricho na execução do trabalho. O principal problema dessa obra é o acabamento. Você vê várias ondulações e diferenças", disse.

 

De acordo com a Secopa, a empresa que executou a obra informou que os drenos foram colocados de acordo com o projeto inicial. A empresa ainda deve identificar os locais que precisam ser instalados novos drenos. O trabalho ainda não tem previsão de início.

 

A trincheira da Ciríaco Cândia, obra que custou R$ 7,6 milhões, é o menor projeto em extensão do pacote de mobilidade urbana, com 459 metros de comprimento e formato de alça. Ainda na recente inauguração o local já apresentou rachaduras no asfalto. Na época a Secopa havia informado que a empresa responsável pelo projeto foi notificada para conferir a qualidade da obra no trecho da avenida.

 

Conselheiros – Alguns conselheiros do Crea-MT como o engenheiro e professor Luiz Miguel de Miranda também compareceram à sabatina enrriquecer o debate. Segundo o professor, inaugurada como parte do plano de mobilidade urbana para a Copa em Cuiabá, a obra da trincheira Ciríaco Cândia pode ter sido comprometida por uma falha de projeto. O engenheiro Jamir Sampaio, da Secopa, negou risco estrutural no local.

 

O professor da UFMT também declarou que a infiltração aparente no concreto é decorrente da ausência, durante a fase de projeto, de cálculos referentes à permeabilidade do terreno – fator que exerce influência sobre a pressão do lençol freático. “Eles não consideraram a permeabilidade do solo. Dizer que isso é um erro é eufemismo”, criticou o professor, especialista em pavimentos.

 

Segundo ele, o caso da Ciríaco Cândia é exemplo do que ocorre com a maioria das obras do pacote de mobilidade urbana: estariam sendo executadas sem o devido rigor na elaboração dos projetos de modo que a pavimentação estaria desde já comprometida. “Todos os pavimentos que estão aí, você, eu, todos nós vamos pagar por eles duas vezes”, declarou.

 

Ainda durante a sabatina na AL, a equipe da Secopa respondeu aos apontamentos do professor e negou falhas de projeto. Segundo o engenheiro Jamir Sampaio, não há problema estrutural, tampouco qualquer risco à estabilidade da estrutura de concreto (cortina atirantada) da trincheira. O que há no local, segundo argumentou Sampaio, é um lençol freático abundante que está sendo drenado por barbacans – tubos que servem para escorrer a água que se acumula entre o solo e o concreto.

 

Não é a primeira vez que a obra da trincheira Ciríaco Cândia é criticada. Inaugurada em dezembro de 2013 ao custo de R$ 7,6 milhões, a situação da estrutura também provocou um sinal de alerta por parte do Crea logo em janeiro por conta de falhas nas paredes e pontos de asfalto danificados. Também foi observado que a água do lençol freático, em vez de ser escorrida pelos barbacans, estava passando pela parede de concreto.

 

Na sabatina na AL, a equipe de engenharia da Secopa afirmou que uma alternativa para drenagem na obra está sendo estudada para corrigir esta situação.