AMEF promove Ciclo de Palestras sobre Arborização Urbana no Crea-MT e destaca a importância de áreas verdes nas cidades
23 de outubro de 2025, às 10h58 - Tempo de leitura aproximado: 11 minutos

A Associação Mato-grossense dos Engenheiros Florestais (AMEF) promoveu, nesta segunda-feira (20), um Ciclo de Palestras sobre Arborização Urbana, no Plenário do Conselho Regional de Engenharia e Agronomia de Mato Grosso (Crea-MT). O evento reuniu especialistas que abordaram a importância de áreas verdes nas cidades. O objetivo é trazer conhecimento e incentivar a criação de políticas públicas relacionadas à sustentabilidade e defesa do meio ambiente.
Durante a cerimônia de abertura, o presidente do Crea-MT eng. civil Juares Samaniego, parabenizou a Associação pela realização do seminários e relembrou a gestão como secretário de Meio Ambiente de Cuiabá.
“Parabenizar a AMEF pela atitude de trazer temas importantes para o dia a dia do profissional, principalmente do engenheiro florestal e agrônomo, que estão mais focados nessa área de arborização urbana. Já estive envolvido nisso como secretário de Meio Ambiente e acho de grande importância, principalmente, nas cidades e grandes empreendimentos. A gente vê quando revitaliza um parque, constrói e arboriza, as pessoas começam a ir mesmo, a frequentar e isso é muito bom”, disse.

Também participaram da abertura, a diretora-geral da Mútua-MT, eng. civil Marciane Prevedello Curvo, o vice-presidente da AMEF, eng. florestal Cícero Ramos, o engenheiro florestal da Energisa Giuliano Borges, o coordenador do Programa Verde Novo do Tribunal de Justiça de Mato Grosso (TJMT), Sérgio Savioli Resende e o secretário de Desenvolvimento Urbano José Afonso Portocarrero.
A Energisa foi a patrocinadora do evento.

O vice-presidente da AMEF, eng. florestal Cícero Ramos, contou que o evento foi pensado para levar aos gestores conhecimento técnico sobre arborização para que sejam implementadas nas cidades.
“O nosso objetivo é falar para os gestores e que saiam com algumas ideias juntamente com os nossos palestrantes e secretários que estão aqui trazendo suas vivências, experiências e particularidades dos municípios. Que nessa tarde a gente possa aprimorar e aperfeiçoar mais esse assunto”, disse.

O evento se iniciou com a primeira palestra da líder local do Projeto+ Amazônia, Patrícia Paterno, que apresentou um edital em aberto de chamada pública 02/2024 para Pagamento por Serviços Ambientais (PSA) voltado para agricultura familiar e pequenas propriedades rurais.
O Pagamento por Serviços Ambientais (PSA) é um instrumento de política pública que reconhece e remunera proprietários e possuidores rurais que conservam, recuperam ou melhoram ecossistemas naturais, contribuindo para a manutenção dos serviços ecossistêmicos – como regulação do clima, conservação da água, biodiversidade e solo. Regulamentado por uma lei federal, o valor pago não é por carbono, mas pelo serviço ecossistêmico prestado. A palestrante explicou a diferença entre o crédito de carbono e o PSA.
“O crédito de carbono é um mecanismo de mercado para compensação de emissões, já o PSA tem o objetivo de reflorestar a aumentar a área de preservação”, disse.
O objetivo do programa é promover a conservação de Remanescentes de Vegetação Nativa por meio de incentivos financeiros a provedores de Serviços Ambientais na Amazônia. Os provedores são agricultores familiares e proprietários de imóveis rurais que atenderem os critérios estabelecidos.
Desde o início do projeto, a especialista informou que foram gerados aproximadamente 113 mil hectares de Remanescentes de Vegetação Nativa (RVN) e R$ 17 milhões em pagamentos por serviços ambientais. Esse resultado aumenta a conservação, renda e qualidade de vida. O edital abrange todos os municípios do estado.

Em seguida, o coordenador do Programa Verde Novo do TJMT, Sérgio Savioli Resende, apresentou as ações do projeto e os efeitos que a falta de arborização urbana e vegetação fazem nas cidades. Durante a apresentação, o coordenador relembrou tragédias naturais que aconteceram recentemente devido a falta de preservação da natureza. Temporais, ventos muito fortes que destelham casas e enchentes.
“Toda sede de fazenda é rodeada por árvore de grande porte e serve para evitar que o vento que corre dentro da propriedade invada a sede e arranque as coisas do lugar. Então arborização é freio para vento só que não está dentro das cidades. Quando a gente olha para Cuiabá e vemos fachadas espelhadas, sem arborização de calçada, só com arbusto e jardinagem, ás vezes até com plantas que não são daqui e não suportam nosso clima, estão dizendo que prefere que fique belo agora, ano que vem talvez esteja aí. Existe uma responsabilidade quando a gente molda as cidades”, disse..
De acordo com o coordenador, estudiosos afirmam que onde a copa das árvores se encontram, se houver calor em abundância e umidade no solo, a temperatura na sombra é de 25°, que é a temperatura ideal para a sobrevivência humana.
“O município vai ter um ar mais limpo, não vão ter Unidades de Pronto Atendimento (UPAs) cheias no período de seca e estiagem, mantém o ciclo de chuva, uma temperatura mais agradável, conserva o asfalto por mais tempo e menos custo de manutenção se fizer arborização nas calçadas e canteiros centrais. Quando a gente retira uma vegetação de um local, nós precisamos compensar de alguma forma, não podemos retirar o serviço ambiental que aquela vegetação prestava”, disse.

O Projeto Verde Novo iniciou em 2017 e possui três pilares: ensinar, plantar e distribuir.
Na primeira fase, durante o período de estiagem, o programa realiza palestras e aulas com crianças, adolescentes e universitários, com abordagens diferentes e didática adaptada ao público. O primeiro passo é explicar sobre a importância do plantio e conscientização. No período chuvoso é realizado o plantio para mostrar como é feito, sendo em uma área pública ou privada. Nas duas fases são entregues mudas de diversas espécies do Cerrado.
O coordenador explicou que a equipe do projeto orienta e direciona a população sobre os tipos de espécie e local que será plantado para não danificar a fiação elétrica e edificações.
“O Projeto Verde Novo tem custo zero, então o imposto do contribuinte não vai para o projeto, as mudas são doadas pelo setor privado e a manutenção é feita pelo município”, finalizou.

Após a apresentação do projeto, o secretário de Desenvolvimento Urbano de Cuiabá, José Afonso Portocarrero fez uma breve explicação sobre a história de Cuiabá e os retratos da chegada dos bandeirantes ao município. De acordo com o secretário, à época de Dom Pedro I, havia uma indicação para que se criasse um Jardim Botânico na capital devido a grande quantidade de vegetação.
Porém, com o crescimento da cidade e a urbanização, diversas áreas verdes foram retiradas, assim como em outros grandes centros.
Cidade mais arborizada de Mato Grosso

O quarto palestrante do evento, o secretário de Meio Ambiente de Sinop, Klayton Gonçalves, apresentou as políticas implementadas no município para que se chegasse nos 200 hectares de área preservada. Sinop é a 14° cidade mais arborizada do país, segundo o Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE) e a primeira de Mato Grosso.
O secretário contou que o evento foi muito importante para disseminar o conhecimento e aprender novas técnicas para aprimorar as políticas do município.
“Nós aprendemos muito, foi uma troca de experiência com grandes profissionais, a gente pensa enquanto uma secretaria, quanto legislação, quem executa, então é uma troca de experiências fantástica. Sinop tem seguido um trabalho legal, mas para que chegasse até esse momento, nós passamos por muitos simpósios, reuniões, trocas de conhecimento, é uma cidade muito jovem e nós resolvemos ter esse impacto ambiental, trabalhar no plano diretor e dar essa prioridade. A gente fica feliz também em contribuir com outros municípios”, disse.

O secretário citou a importância de se criar uma legislação para incentivar a arborização. As leis ajudam a moldar as políticas utilizadas em Sinop e o resultado vêm sendo satisfatório.
“Implantamos um Termo de Ajuste de Conduta para que as multas ficarem mais pesadas a partir de um momento que uma casa ou estabelecimento é fiscalizado e não tem árvore. Quando a lei é cumprida, as pessoas acabam pensando um pouco mais sobre a remoção de uma árvore. Nós temos um desafio gigantesco com a fachada das empresas com as árvores, então essa consciência já se despertou. O que eu deixaria de sugestão também é um diálogo com especialistas para ver qual a espécie de árvore seria ideal para Cuiabá, de acordo com a situação climática, também das vias para não atrapalhar a fiação, então claro que são muitos desafios. Em Sinop também temos trabalhado muito a conscientização ambiental, são 106 mil crianças nas escolas que aprendem sobre preservação do meio ambiente então ela já cobra os pais em casa e o ciclo começa a se fechar”, disse.

Para finalizar o Ciclo de Palestras da AMEF, o engenheiro florestal Ciro Paula da Costa fez uma apresentação sobre as experiências e dicas com os mais 10 planos municipais de arborização que já fez pelo país. O engenheiro é responsável pelo plano de arborização de Belo Horizonte (MG).
De acordo com o especialista, o primeiro passo é ter maturidade de legislação, equipe técnica por trás e depois realizar manutenção e monitoramento das áreas verdes.
“Na arborização urbana nós temos conforto ambiental, árvores que possuem sombra, então quantidade não é qualidade. Precisamos pensar no metro quadrado de sombra e não quantidade de mudas plantadas porque quantidade não traz sombra nem conforto ambiental, não dá pra saber se essa árvore vai chegar a fase adulta ou quantos metros quadrados vai gerar de sombra”, disse.
O engenheiro também ressaltou uma regra que é utilizada pelos pesquisadores para que se tenha uma qualidade de vida mais adequada com relação a quantidade de árvores plantadas.
“É a regra do 3, 30, 300. Todo cidadão deveria enxergar da sua casa três arvores, 30% de todos os bairros deveriam ter copa arbórea, praça, parque e que todo cidadão deveria ter a 300 metros da casa dele uma área verde. Mas também é necessário monitorar para saber onde estamos indo e para onde queremos ir”, disse.

A secretária de Meio Ambiente de Peixoto de Azevedo Solange Luizão Barbuio Barboza participou do evento para levar ideias e sugestões do que está sendo implementado nos outros municípios e implementar leis ambientais em Peixoto de Azevedo.
“Agradeço a AMEF por estar proporcionando para nós a oportunidade de ter acesso a tantas informações, eu vim justamente em busca de conhecimento, informações e bons profissionais para que a gente seja muito bem orientado. Como secretária, temos um sonho, um projeto de criar a nossa política de arborização no município. Então estou buscando conhecimento para ver quanto isso vai custar, por onde devo começar e tentar também levar essa cultura da importância da arborização nas cidades para que as pessoas comecem a tomar consciência que a arborização faz parte do meio ambiente em que você está e que isso influencia muito na vida do cidadão, não só no meu município, mas no estado e no mundo todo. Essas convergências climáticas que temos visto causando tragédias, tristezas e prejuízos muitas vezes podem ser resolvidas com o plantio de árvores”, finalizou.
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Texto: Assessoria de Comunicação do Crea-MT