Febrageo realiza evento através do edital de chamamento público do Crea-MT sobre agrominerais, fertilizantes e desenvolvimento sustentável
9 de setembro de 2025, às 15h18 - Tempo de leitura aproximado: 9 minutos

A Federação Brasileira de Geólogos (Febrageo) realizou nos dias 1, 2 e 3 de agosto, na sede da Associação Mato-grossense dos Municípios (AMM), o Workshop Agrominerais e a Política de Fertilizantes do Brasil e o XVIII GEO Políticas: O Setor Mineral e os Objetivos do Desenvolvimento Sustentável. O evento foi promovido pelo Edital de Chamamento Público 001/25 e contou com a participação da vice-presidente do Crea-MT, geóloga Daiane Brum.
Na abertura do evento, segunda-feira (1°), estiveram presentes o presidente da Febrageo, Caiubi Kuhn; o presidente da Associação Mato-grossense dos Municípios (AMM), Leonardo Bortolin; representando o Ministério da Agricultura e Pecuária (Mapa), José Carlos Polidoro; representando a Secretaria Estadual e Meio Ambiente (Sema-MT), eng. agrônoma Lirian Ferreira dos Santos; chefe do Núcleo de Serviços Geológicos do Brasil, Anderson Alves de Souza, o gerente da Agência Nacional de Mineração Jocy Gonçalo de Miranda; representando o Conselho Federal de Engenharia e Agronomia (Confea), geólogo Mário Cavalcante e a diretora de Relações Internacionais da Assembleia Legislativa de Mato Grosso (ALMT), representando o deputado Max Russi.
A vice-presidente do Crea-MT, geóloga Daiane Brum, citou o edital de chamamento público como parte do incentivo à qualificação dos profissionais do Sistema Confea/Crea/Mútua.

“O Crea é mais do que um órgão de registro, é também um órgão de fiscalização, que atua para impedir que profissionais despreparados coloquem a sociedade em risco. Recentemente nós tivemos uma grande Força-Tarefa de Fiscalização e a gente sempre fala que Mato Grosso é grande no agro, mas às vezes não temos noção da dimensão. Esse evento faz parte de um fomento que o Crea abre todo ano para as associações e através desses editais a gente busca desenvolver nossos profissionais e trazer qualificação”, disse.
A anfitriã do evento, geóloga Sheila Klener, também ressaltou a importância das engenharias nas políticas públicas.

“Esse é o retorno que o Sistema Confea/Crea/Mútua pode dar para os profissionais, eventos como este que mostram o que a gente faz dentro das engenharias, então vamos ter engenheiros de todas as modalidades falando sobre agrominerais, política internacional de fertilizantes e desenvolvimento sustentável dentro da mineração. Eu sempre digo na Assembleia Legislativa que as políticas públicas devem ser construídas com técnica, precisa passar pelos engenheiros, todas as políticas públicas precisam ser construídas com preceitos da engenharia”, enfatizou.
Dando início às palestras, o presidente da Federação Brasileira de Geólogos (Febrageo), Caiubi Kuhn citou brevemente os temas abordados e como o evento pôde contribuir com ideias e conhecimento aos profissionais.
“É um debate importantíssimo para o estado de Mato Grosso porque se fala muito que o Brasil é dependente da importação de fertilizantes e, se o motor do agronegócio no Brasil é Mato Grosso, então nós podemos dizer claramente que nós temos aqui uma dependência forte de importação de fertilizantes. E o cenário global exige que a gente busque soluções nacionais que possa diminuir esse peso em caso de um ambiente mais incerto. A agricultura no estado chegou onde está por conta da utilização do calcário. Se não tivesse o calcário aqui na região central do estado, não teríamos o agronegócio como é. A mesma riqueza que existe com relação ao calcário, nós temos também rochas com boa disponibilidade de potássio e fosfato em baixo teor, porém, quando a distância é curta para a aplicação, pode ser extremamente viável. Então são alternativas que serão discutidas neste evento”, disse.

Durante o período de palestras, especialistas e autoridades falaram sobre a importância da mineração para o agronegócio e para o desenvolvimento sustentável, especialmente do potencial dos agrominerais como fertilizantes.
O representante do Ministério da Agricultura e Pecuária (Mapa), José Carlos Polidoro, abriu a programação de mesas temáticas do evento com uma palestra sobre “Os desafios tecnológicos e setoriais para o avanço da produção nacional e uso de agrominerais na Agropecuária do Brasil”.
“O Brasil sofre em todos os momentos, porque é o maior consumidor, com 27% de participação, e os fertilizantes vêm de fora. É uma das cadeias mais vulneráveis”, afirmou.

Em seguida, o chefe do Núcleo do Serviço Geológico do Brasil, Anderson Alves de Souza, destacou que a discussão sobre agrominerais já ocorre há pelo menos duas décadas no país. Segundo ele, a Embrapa foi pioneira nos estudos e o Núcleo já atua há cerca de dez anos.
O mestre Douglas Leite de Brito, da Secretaria de Estado de Desenvolvimento Econômico (Sedec), destacou que a pasta tem buscado oportunidades para aproximar a mineração da agricultura em Mato Grosso. Ele apresentou um panorama da produção nacional de remineralizadores, que alcançou 7,2 milhões de toneladas nos últimos quatro anos. No mesmo período, o consumo médio foi de 10 milhões de toneladas por ano, o que significa que os remineralizadores atenderam apenas 2% das áreas agrícolas do país.
Esse cenário abre espaço para expansão da produção. “Mato Grosso não é protagonista nesse setor de produção deremineralizador, o que é um grande problema, porque o estado é o maior produtor, maior importador de fertilizantes e não produzimos aqui no estado”, afirmou.
Por fim, o professor doutor Francisco Egídio Cavalcante Pinho apresentou a palestra “As rochas alcalinas de Mato Grosso e o fornecimento de fertilizantes”, voltada ao cenário regional. Destacou a importância das rochas alcalinas no estado, sua ocorrência e o potencial da província localizada em Itiquira. Durante a exposição, utilizou imagens e comparações para explicar o papel desse recurso mineral no desenvolvimento agrícola e na oferta de insumos alternativos.

2° dia
No segundo dia de palestras, terça-feira (2), o tema inicial do período da manhã foi: “Avaliação de resíduos de mineração para uso como remineralizadores de solo na agricultura”, com a professora doutora Ana Cláudia Franca Gomes, e o professor de Eng. de Minas da Universidade Federal de Mato Grosso (UFMT).
Além da palestra, foi realizada uma mesa redonda com o professor doutor de Geologia da UFMT Rogério Roque Rubert, a professora doutora Fernanda de Paula Medeiros da Universidade de Brasília (UNB) e Eder de Souza Martins da EMBRAPA, com temas como: “Os Agrominerais nas Geociencias da UFMT: Projetos, Produtos e Perspectivas”, “Remineralizadores, Agricultura e Soberania” e “O papel dos agrominerais regionais no manejo da fertilidade do solo”.
O mediador da mesa foi o presidente da Federação dos Engenheiros Agrônomos do Estado de Mato Grosso (FEAGRO-MT), Isan Oliveira de Rezende.
já no período da tarde foi realizado um minicurso sobre a Caracterização de agrominerais silicáticos como remineralizadores e fertilizantes, com Eder de Souza Martins da EMBRAPA
3° dia
No terceiro dia, na quarta-feira (3), o tema da mesa redonda foi “Mineração Sustentável” e foi coordenada pela advogada Alessandra Panizi e contou com a participação de Luiz Felipe Midon, da ABIN. Ele destacou o papel da inteligência em crises sociais e ambientais: “Independente da bandeira partidária do presidente, dos governadores, a inteligência tem que se falar. Ela fala sobre crises, problemas que afetam a sociedade.” enfatizou
A discussão abordou a importância de práticas de ESG na mineração e a conexão entre crimes ambientais e lavagem de dinheiro, especialmente em atividades ilegais de extração de minérios e desmatamento. Estudos do Instituto Igarapé indicam que esses crimes se tornaram a terceira economia mais lucrativa do mundo, com lucros anuais estimados entre 110 e 280 bilhões de dólares.
Na sequência, Rodrigo dos Reis Salles, da Aura Apoena, apresentou a palestra “Exploração Mineral Responsável: Contribuições Reais para os Objetivos do Desenvolvimento Sustentável”. Ele detalhou o uso de geoquímica, geofísica e drones na prospecção mineral, além de técnicas de ciência de dados e machine learning para otimizar o direcionamento da equipe.
O palestrante destacou a importância de gestão de projetos e KPIs na exploração mineral, desde a outorga do direito mineral até o desenvolvimento e esgotamento das áreas, garantindo eficiência e precisão nas operações.
O coordenador de Gestão Social da Nexa Resources, Sérgio Augusto Carvalho de Oliveira, apresentou a palestra “Mineração que muda com o mundo – alinhando nosso futuro aos Objetivos do Desenvolvimento Sustentável”. Ele abordou impactos sociais e ambientais da mineração, ressaltando a necessidade de avaliar diferentes perspectivas antes de implementar projetos.
Ele também comentou sobre o potencial mineral da região de Aripuanã, onde já foram abertas duas minas com expectativa de operação superior a 50 anos, e reforçou que impactos de atividades subterrâneas e acessórias, como supressão vegetal, são inevitáveis, assim como em qualquer atividade produtiva.
Mesa da tarde: Mineração e Sustentabilidade e a COP 30
A mesa abordou o cooperativismo mineral, a presença dos minerais no cotidiano e os caminhos para alinhar o setor aos Objetivos de Desenvolvimento Sustentável (ODS).

O presidente da FECOMIN, Gilson Gomes Camboim, apresentou a estruturação do cooperativismo no Brasil e destacou o combate à visão negativa sobre o garimpo. “Não existe mineração ilegal. O que existe é extração ilegal em áreas proibitivas. Garimpo e mineração legal possuem título minerário, licença ambiental e seguem normas rigorosas”, explicou.
O professor Dr. Caiubi Kuhn, presidente da Febrageo e docente da UFMT, ressaltou a dependência do Brasil em relação a fertilizantes importados e a necessidade de informar melhor os consumidores. “Os minerais estão em tudo: no celular, no carro, na cidade. Precisamos de transparência para que o consumidor saiba quais recursos naturais foram usados em cada produto”, afirmou.
Já André Molina, presidente da Cooperpoconé e vice-presidente da AGEMAT, destacou o potencial da organização coletiva. “O cooperativismo mineral fortalece os garimpeiros, dá representatividade e cria condições para que a atividade seja sustentável e valorizada”, disse.
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Texto: Crea-MT com informações da Febrageo