Crescimento do Brasil e da economia depende de planejamento, afirma representante do BNDES
23 de agosto de 2010, às 0h00 - Tempo de leitura aproximado: 3 minutos
O professor universitário e chefe do Departamento de Relações com o Governo do Banco Nacional de Desenvolvimento Econômico e Social (BNDES), Antônio José Alves Júnior, afirma que planejamento é fundamental para crescimento do país e da economia.
Antônio ministrou palestra na manhã dessa segunda-feira (23), no segundo dia da 67ª Semana Oficial de Engenharia, da Arquitetura e da Agronomia (Soeaa), realizados no Centro de Eventos do Pantanal, em Cuiabá (MT). Ele falou sobre a importância de discussões como a que ocorrem na 67ª Soeaa, avaliou os reflexos nos investimentos por conta da crise mundial da economia de 2008, as medidas adotadas pelo Governo Federal e o BNDES, entre outros assuntos.
Além de Antônio José, que é professor do Departamento de Economia da Universidade Federal Rural do Rio de Janeiro, várias autoridades participaram do painel “Discutindo uma agenda mundial: Desafios, oportunidades e visão de futuro”. Estiveram presentes ainda o diretor-geral do Departamento Nacional de Infraestrutura de Transportes (DNIT), Luiz Antônio Pagot, Ana Rosa Soares, chefe no Brasil do Programa das Nações Unidas para o Desenvolvimento (PNUD), e a presidente da Federação Mundial das Organizações de Engenheiros (WFEO), Maria Pietro Lafargue.
Assessoria de Imprensa/Soeaa – Qual a mensagem que o BNDES traz para o Soeaa?
Antônio José Alves Júnior – A economia mundial se globalizou. Cada vez mais, eventuais crises têm reflexos muito grandes principalmente em países de economia em desenvolvimento, onde o crédito para investimentos praticamente desapareceu por um determinado período. Diante disso, a coisa mais importante que aconteceu é que o governo trouxe de volta a capacidade de investir e um país com a economia do tamanho da economia brasileira não pode crescer sem planejamento, sem um horizonte para os investimentos públicos e privados.
Imprensa/Soeaa – Qual deve ser a prioridade nesse contexto?
Antônio José – Planejamento e pesquisa. E isso está sendo possível. Ao contrário do que nós tivemos em décadas anteriores, não está sendo problema a formação de mão-de-obra. Hoje, os bons quadros voltaram a ser cassados antes mesmo de deixar as faculdades. Isso ocorria muito nos anos 70 com boa parte dos engenheiros, que, antes mesmo de concluir o curso, já eram chamados para o mercado de trabalho. Isso voltou a acontecer novamente agora. Isso é muito bom.
Imprensa/Soeaa – Mas o que caba às empresas?
Antônio José – Necessário é que elas tenham planejamento estratégico com um ponto-de-vista mais longo, além de adotar planos mais ousados. Os investidores também têm que diversificar mais suas aplicações e correr o risco empresarial. Não podem mais depender apenas da compra de títulos públicos. O Brasil se recupera num índice acima da média dos demais países. Desde a crise que tivemos a partir de setembro de 2008, que é considerada a pior do capitalismo e comparável à crise que tivemos nos anos 30, o país conseguiu sair graças aos investimentos públicos.
Imprensa/Soeaa – Especialistas temem que a crise ainda tenha reflexos no futuro, comprometendo investimentos em obras e a economia como um tudo. Qual sua avaliação sobre essa tese?
Antônio José – Essa crise que tivemos em 2008 foi dura, mas houve uma reação em cadeia. O Brasil reagiu de forma mais dura ainda, aumentando em muito os investimentos públicos. A utilização de recursos públicos foi bem maior agora do que na década de 30 e isso se deu por parte de muitos estados internacionais. O BNDES fez um desembolso muito grande também. O governo apresentou projetos como “Minha Casa, Minha Vida”, ampliou o Bolsa Família, reduziu a Selic, apoiou a agricultura familiar, reduziu IPI e aumentou créditos para bancos públicos. Muitas pessoas falam que a crise poderá voltar mais forte no futuro, mas eu sou otimista.
*Téo Meneses
Comunicação Soeaa