Morre o espeleólogo e agrimensor Ramis Bucair

20 de dezembro de 2011, às 0h00 - Tempo de leitura aproximado: 3 minutos

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Faleceu na madrugada desta terça-feira, 20 de dezembro, aos 78 anos o espeleólogo e técnico em agrimensura Ramis Bucair. Dono do museu de pedras que leva seu nome, na Rua Galdino Pimentel, antiga rua do Meio, no centro histórico de Cuiabá, que guarda seu acervo particular com mais de quatro mil peças. O velório terá início a partir das 13 horas, na Capela e Jardins e o enterro será no cemitério da Piedade, às 18h.

Ramis Bucair dedicou sua vida a espeleologia – ciência que estuda as cavidades naturais e outros fenômenos carsticos, nas vertentes da sua formação, constituição, características físicas, formas de vida, e sua evolução ao longo do tempo -. Em vida constituiu um acervo de mais de quatro mil peças arqueológicas, etnográficas e geológicas, além de exemplares de pedras semi-preciosas, semi-joias, fósseis pré-históricos, pedras com inscrições rupestres, cristais, rochas raras e até um meteorito, que podem ser vistos em seu museu.

Essa coleção é fruto da paixão do agrimensor e historiador que nasceu em 13 de junho de 1933, Ramis foi criado em uma Cuiabá que contava pouco mais de 40 mil habitantes. Na infância, seu espírito aventureiro foi cultivado em passeios pelos rios, ainda límpidos, Cuiabá e Coxipó.

Em São Paulo, estudou Agrimensura e Espeleologia, profissões que o credenciaram a sucessor do Marechal Cândido Rondon, no trabalho de manutenção das linhas telegráficas, o que o obrigou a percorrer mais 700 km a pé, selva à dentro. Desse trabalho resulta grande parte do acervo do museu, que fundou em 08 de abril de 1959.

Fundador da Associação dos Amigos de Rondon (AAR), Ramis Bucair tinha o objetivo de manter viva a memória do Marechal Cândido Mariano da Silva Rondon. Em maio de 2009, Ramis agraciou com diploma da Associação os engenheiros Rubimar Barreto (Agrônomo ) e Juares Silveira Samaniego (Civil). A indicação dos nomes partiu do presidente do Crea-MT, Tarciso Bassan, que também recebeu o título em 2008.

Ramis Bucair estudou o primário como interno no Colégio São Gonçalo e completou o Ginásio no antigo Colégio Estadual, hoje Liceu Cuiabano.

Assim que terminou o curso ginasial, Ramis Bucair foi completar os estudos em São Paulo. Fez o curso de Agrimensura e, logo em seguida, o de Espeleologia. “Tenho a carteira de espeleólogo n. 62 do Brasil”, disse ele, com orgulho em entrevista recente ao site 24 Horas News.

As expedições a procura de cavernas eram financiadas pelo próprio cientista, que se orgulha de nunca ter recebido a ajuda de qualquer instituição pública. Quando encontrava uma caverna, além de estudar a topografia, Ramis Bucair tirava fotos (foram quase 5 mil) e recolhia amostras de pedras. “Foi assim que surgiu o meu interesse de colecionar pedras exóticas e fósseis”, disse ele.

Em 8 de abril de 1959, Ramis Bucair fundou em Cuiabá o “Museu de Pedras Ramis Bucair”, para abrigar a sua coleção particular. Trata-se do único museu particular do gênero no Brasil. (O registro do museu na Secretaria Estadual de Cultural é o Número 1, do Livro 1, Folha 1, como gosta de dizer o pesquisador). Dois meses depois de fundar o museu, no dia 13 de junho, Bucair se casou com a cuiabana Elza Faria. Juntos, tiveram quatro filhos: Ramis Júnior, também engenheiro, Rosbek, economista, Ramilza, administradora, e Rógina, pedagoga. Os dois primeiros trabalham hoje com o pai, em seu escritório.

*Gecom/Crea-MT
Com informações do site 24 Horas News.
Foto: Divulgação