Dia da Arma de Engenharia Militar – 10 de Abril

9 de abril de 2012, às 13h16 - Tempo de leitura aproximado: 5 minutos

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É fato pouco conhecido pelo público em geral que, sob a denominação de Militar do Exército Brasileiro, existe uma ampla gama de especializações desempenhadas por cada integrante da Força Terrestre, abrangendo os mais diversos campos de atividades, e que, na maioria dos casos, define toda a carreira militar desses indivíduos. A grande divisão dessas especializações é definida pela Arma, Quadro ou Serviço a que pertence um militar do Exército.

As Armas englobam o militar combatente por excelência e 10 de abril é o dia da Arma de Engenharia Militar, cujo símbolo – o castelo lendário – perpetua o trabalho dos seus integrantes e abriga, como um templo, as tradições e os feitos do seu ilustre Patrono, o major João Carlos de Villagran Cabrita.

Hoje em dia, a Arma de Engenharia, apesar do nome, é apenas uma das armas e serviços a desenvolver atividades de Engenharia Militar. Outras armas e serviços também desenvolvem atividades de engenharia em diversas áreas: Arma de Transmissões (atividades de Engenharia Electrotécnica e Engenharia de Telecomunicações); e Serviço de Material (atividades de Engenharia Mecânica e Engenharia Electrotécnica).

A Engenharia Militar divide-se em duas vertentes: de Combate e de Construção. A de Combate apoia as armas-base, facilitando o deslocamento das tropas amigas, reparando estradas, pontes e eliminando os obstáculos à progressão e, ainda, dificultando o movimento do inimigo. A Engenharia de Construção, em tempo de paz, colabora com o desenvolvimento nacional, construindo estradas de rodagem, ferrovias, pontes, açudes, barragens, poços artesianos e inúmeras outras obras.

Por todo o Brasil, a Engenharia abre caminhos, lança trilhos, pereniza rios e efetua travessias. Ela é a Arma de apoio ao combate que tem como missão principal apoiar a mobilidade, a contramobilidade e a proteção, caracterizando-se como um fator multiplicador do poder de combate.

A Engenharia Militar é empregada em obras de infraestrutura atuando, especialmente, em regiões distantes e inóspitas, onde a iniciativa privada não considera o empreendimento economicamente interessante.

Mato Grosso

Em Mato Grosso o 9º BEC – Batalhão de Engenharia de Construção, originário do 3º Batalhão Rodoviário no Rio Grande do Sul (1917), que tinha como foco o desenvolvimento do Tronco Sul do país, chegou em Cuiabá em 1970, quando foi instalado com o objetivo de executar o Plano de Integração Nacional.

Tinha como missão inicial a implantação da BR 163, de Cuiabá (MT) a Santarém(PA), e a conservação do BR 364. Atualmente, como o governo federal tem delegado ao exército uma parcela expressiva das obras federais (PAC), as quais se destacam não só pelo valor, mas por sua relevância para a infraestrutura nacional, o 9º BEC tem se concentrado em missões no estado do Pará, pela demanda acima da capacidade do Batalhão local e o volume de obras muito grande.

Estão em andamento as operações: Guarantã do Norte (50km de estrada até a divisa com o Pará, em estágio de reconformação ambiental); Pará (cinco pontes de concreto no eixo da BR 163 que serão entregues em julho de 2012); Mirituba ( 33 km na BR 230, conhecida como Transamazônica); Buritis (pavimentação da BR 030 até Brasília); e na próxima semana mais pelotão será enviado para a Missão da Onu para Estabilização do Haiti (Minustha).

De acordo com o Tenente-Coronel de Engenharia Paulo Afonso Bruno de Melo, o 9º BEC contribui para o desenvolvimento nacional (em tempos de paz) e adestra os militares para a missão de defender a pátria (em tempos de guerra). Para ele a formação militar é fundamental para a formação da consciência hierárquica e disciplinada, “pois numa guerra não posso ter ninguém questionando uma ordem, além do fato de que temos que estar preparados para estar onde ninguém mais quer estar”, justificou.

Embora os 583 militares e 86 civis, que compõem o 9º BEC, tenham o título de Engenheiro Militar, seis são os profissionais com formação de graduação de engenheiro. Desses, dois são engenheiros de carreira, formados pelo IME e quatro são engenheiros civis (temporários).

Segundo o tenente Renato, formado pela UFMT, adjunto da sessão técnica do 9º BEC desde 2008, o que o diferencia de um engenheiro militar de carreira, em suas atribuições profissionais, é a disciplina “Construções Militares” (fortes, canhões, campos minados…) e a necessidade de manter um padrão mínimo exigido pelo exército, como vigor físico e desempenho profissional.

Na manhã desta terça-feira, dia 10, às 9 horas, 9º BEC realizará uma solenidade alusiva à data comemorativa.

Origem

Em 15 de janeiro de 1699, o Rei de Portugal sancionou uma Carta Régia que criava um curso de formação de soldados técnicos no Brasil Colônia. Esse curso tinha por objetivo capacitar os soldados nas técnicas de construção de fortificações, a fim de promover a defesa da colônia contra as incursões de outras nações.

Em 1795, foi criada em Recife (PE) uma Aula de Geometria, acrescida, em 1809, do estudo de cálculo integral, mecânica e hidrodinâmica, lecionados pelo Capitão Antonio Francisco Bastos. Essa aula existiu até 1812.

A Academia Real Militar, com data de fundação de 1811, mudou de nome quatro vezes: Imperial Academia Militar, em 1822; Academia Militar da Corte, em 1832; Escola Militar, em 1840; e Escola Central, a partir de 1858. Ali se formavam não apenas oficiais do Exército, mas, principalmente, engenheiros, militares ou civis, pois a Escola Central era a única escola de engenharia existente no Brasil.

Em 1959, Para atender ao desenvolvimento da questão tecnológica e militar no país, o Exército Brasileiro (EB) criou o Instituto Militar de Engenharia (IME), resultado da fusão da Escola Técnica do Exército com o Instituto Militar de Tecnologia.

Atualmente, o IME forma oficiais engenheiros militares da ativa e da reserva e admite engenheiros, homens e mulheres formados em instituições civis.

*Josemara Zago
Gecom/ Crea-MT