Eliminação de barreiras

21 de agosto de 2012, às 15h12 - Tempo de leitura aproximado: 3 minutos

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Sandra Perito, presidente do Instituto Brasil Acessível, arquiteta e pesquisadora da Faculdade de Arquitetura e Urbanismo, da Universidade de São Paulo. Estuda há mais de cinco anos a aplicação do universal design em projetos de arquitetura. Site www.brasilacessivel.org.br

Com a proposta de gerar e incentivar políticas de acesso e uso por todas as pessoas de áreas residenciais, comerciais, públicas e privadas, foi criado, em São Paulo, o Instituto Brasil Acessível, órgão não-governamental, iniciativa de um grupo de profissionais da construção e arquitetura, saúde e educação.

A entidade tem como meta o incentivo à busca pela cidadania com ações que possibilitem que construções atendam pessoas em todas as idades e fases da vida. A proposta é estimular a concepção e construção de edificações e espaços que permitam liberdade, independência e igualdade de uso dos ambientes, independente de limitações físicas dos usuários, sendo o objetivo principal a inclusão social no ambiente construído.

Como arquiteta e presidente do Instituto, entendo que é preciso informar e conscientizar a população sobre as causas e as conseqüências da impossibilidade do livre acesso e uso dos ambientes, bem como o que pode ser feito a respeito.

Na Europa, Estados Unidos e Ásia, as casas estão sendo planejadas sob este conceito e é desses continentes que surge a preocupação da casa para a vida toda ou da casa do futuro, com infra-estrutura baseada na praticidade, segurança e adequação ao uso.

No ano passado, pude desenvolver o primeiro protótipo no País de uma moradia universal – Universal Home -, localizada em Taubaté.
Acredito que é possível conscientizar o mercado imobiliário quanto ao incentivo de projetos que contribuam para a ampliação das alternativas e integração de todos na sociedade, começando pela moradia. Principalmente, porque o primeiro protótipo de moradia inclusiva comprova a viabilidade econômica de projetos preparados para a adaptação. Prever futuras adaptações não representa aumento no custo total da obra, já que o investimento é na capacidade do ambiente em adaptar-se às necessidades do usuário e não em projetos especiais. Adaptações em casas já construídas terão custo muito mais elevado ou nem sempre serão possíveis de execução.

Com o Projeto Atlas Brasileiro de Inclusão Social, o Instituto Brasil Acessível levantará números no País sobre igualdade, liberdade e segurança no uso dos ambientes, como casas, edifícios públicos e privados, praças e calçadas. E, se conseguirmos mapear o problema, identificando as causas e as conseqüências, será possível propor alternativas de mudança, que começam pela conscientização da população, além da formação dos profissionais da construção que chegam ao mercado. Isso porque, um bom projeto deve permitir mudanças e adaptações, prevendo as diversas necessidades que o usuário possa ter em qualquer fase da vida.

Números e dados da deficiência no Brasil

 Em São Paulo, chega a 1 milhão o número de portadores de deficiências.

 No Brasil, 14,5% da população ou 24,5 milhões de pessoas são portadoras de algum tipo de deficiência.

 8,8 milhões de pessoas apresentam limitação motora. Ninguém sabe ao certo quantos se movimentam em cadeira de rodas ou só caminham com uma bengala.

Números e dados sobre o idoso no Brasil

 O Brasil concentra uma população de idosos na ordem de 15 milhões de pessoas com mais de 60 anos. As mulheres são maioria.

 8,9 milhões ou 62,4% dos idosos são responsáveis pelos domicílios e têm, em média, 69 anos de idade e 3,4 anos de estudo.

 Nos próximos 20 anos, a população idosa do Brasil poderá ultrapassar os 30 milhões de pessoas e deverá representar quase 13% da população ao final deste período.

 Em 1980, existiam cerca de 16 idosos para cada 100 crianças; em 2000, essa relação praticamente dobrou, passando para quase 30 idosos por 100 crianças.

Fonte : IBGE – Censo 2000