OS ORGANISMOS TRANSGÊNICOS E O MEIO AMBIENTE
21 de agosto de 2012, às 15h12 - Tempo de leitura aproximado: 4 minutos
Por Olimpio Araujo Junior – geógrafo, ambientalista, consultor, Diretor de comunicação e Marketing do Portal EcoTerra Brasil
A providencial confusão sobre o que realmente são transgênicos e o que os diferem do melhoramento genético tradicional acaba convencendo a opinião pública e até altas autoridades, de que não há perigo no uso deste tipo de biotecnologia. E os riscos reais, apesar de irreversíveis, são menosprezados.
Os Transgênicos ou Organismos Geneticamente Modificados Transgênicos (OGM-T) são plantas criadas em laboratório com técnicas da Engenharia Genética. O processo consiste na transferência de um gene responsável por determinada característica em um organismo para outro organismo no qual se pretende incorporar esta característica, mudando a forma e manipulando sua estrutura natural. Não há limite para esta técnica e é possível criar combinações nunca imaginadas como animais com plantas e bactérias.
A variedade genética é fundamental para a viabilidade de cada espécie já que resulta em indivíduos diferentes entre si, com capacidades distintas de adaptação ao meio. Neste tipo de tecnologia é possível transferir genes de plantas, bactérias ou vírus para outras plantas e ainda combinar genes de plantas com plantas, de plantas com animais ou de animais entre si.
Todos os organismos vivos são constituídos por conjuntos de genes. As diferentes composições destes conjuntos determinam as características de cada organismo. Essa composição é chamada de genoma. O que faz um animal ser diferente de uma fruta ou de um ser humano é o genoma que ele possui.
Os defensores dos transgênicos afirmam que a humanidade consome alimentos obtidos de organismos geneticamente modificados há milhares de anos, sem que eles tenham causado algum dano à saúde e, portanto, não haveria razão para se acreditar que com os alimentos obtidos de organismos transgênicos seria diferente. De fato a grande maioria dos alimentos que consumimos são obtidos de organismos geneticamente modificados, mas estes alimentos foram produzidos por processos naturais, com a transferência de genes apenas entre organismos da mesma espécie. Alimentos obtidos de organismos geneticamente modificados e alimentos obtidos de organismos geneticamente modificados transgênicos não são a mesma coisa.
Um gene transferido a outro organismo pode resultar em uma manifestação de características com resultados imprevisíveis e diferentes das reações esperadas. Sabemos que eles podem aumentar a resistência a antibióticos, causar alergias e contaminar plantações vizinhas. Além disso, são ilegais no Brasil por não respeitarem a Leis de Biosegurança e o Código de Defesa do Consumidor. Os impactos ambientais resultantes do cultivo de transgênicos são irreversíveis e as conseqüências na saúde humana ainda podem ser piores do que podemos imaginar. Por esses e outros motivos devemos lutar contra a produção e comercialização destes organismos, pois é nossa sobrevivência que está em jogo.
Quais os riscos dos trangênicos para a economia do Brasil?
As empresas multinacionais que hoje dominam a produção de transgênicos são originalmente especializadas em produtos químicos e farmacêuticos, muitas delas, produtoras de inseticidas, herbicidas e fungicidas. Monsanto, Novartis, Pioneer e Agrevo respondem pela grande maioria das sementes de variedades transgênicas registradas no Brasil e estão entre as maiores do mundo em seu ramo. Seu objetivo na pesquisa de transgênicos é favorecer a venda de seus próprios agrotóxicos. A soja Roundup Ready, por exemplo, foi desenvolvida para ser resistente ao herbicida Roundup, sendo que ambos são produzidos pela Monsanto.
Se estas variedades vierem a substituir as tradicionais e as convencionalmente melhoradas estaremos subordinados aos interesses destas empresas. Há ainda o risco dessas empresas adotarem de forma generalizada uma operação transgênica chamada Terminator. As variedades transgênicas com as características Terminator produzem sementes estéreis, impedindo que os agricultores produzam sementes próprias a partir das compradas. A propaganda dessas empresas diz o contrário, que isso não seria feito, porém, nada impede que após liberados no Brasil a operação Terminator seja implantada.
É válido citar o caso dos produtores de fumo, que no início receberam todos os incentivos possíveis, e o que parecia ser um grande negócio para todos se transformou em uma grande armadilha. A maioria desses produtores hoje estão completamente na mão das empresas que lhes fornecem desde a semente, equipamentos até os produtos químicos, compram seu produto final pelo menor preço, e os produtores não podem mudar de ramo ou por que possuem rígidos contratos, ou por que estão endividados e não possuem recursos para recomeçar.
Agora as multinacionais afirmam que a adoção dos transgênicos no Brasil deve trazer maiores ganhos aos agricultores, manipulando informações e omitindo seus reais interesses, porém, na verdade, isso permitirá que as empresas não apenas ditem os preços que quiserem, mas ainda controlem a produção nacional em função de seus interesses econômicos internacionais, ignorando o interesse público.
É bom lembrar que estas empresas são na maioria americanas, que o Estados Unidos é o maior concorrente do Brasil na produção e exportação de grãos e que a maioria dos países da Europa só compram a soja e o milho brasileiro devido a garantia de que aqui não se produz transgênicos. Sendo assim, estas multinacionais podem monopolizar a produção de sementes para a agricultura, tornando agricultores brasileiros e o Brasil dependentes de seus interesses.
Fonte:www.ecoterrabrasil.com.br