Presidente do Crea Mato Grosso fala sobre o mercado de trabalho

4 de abril de 2013, às 14h39 - Tempo de leitura aproximado: 3 minutos

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Em entrevista ao vivo na manhã desta quinta-feira, 04 de abril, o presidente do Crea-MT, Juares Silveira Samaniego, falou à TV Centro América, sobre o bom momento para os profissionais da área da construção civil com efertas de serviços e sobre o problema das faculdades que oferecem cursos nas áreas de engenharia com carga horária reduzida, fato que pode prejudicar a pessoa quando estiver no mercado de trabalho. Confira abaixo entrevista completa.

 

TV Centro América – O número de profissionais em MT está realmente deficitário? Faltam engenheiros e tecnicos?
Presidente do Crea-MT –
Não faltam engenheiros nem técnicos no estado de MT. Nós temos no Conselho hoje com registro dois mil tecnicos nas áreas de elétrica, eletrônica e edificações. Três mil técnicos agrícolas, quatro mil profissionais na engenharia agronômica e três mil na área civil. Pelo estado ser essencialmente agrícola a grande parte desses profissionais estão no campo. E na engenharia civil mesmo com o crescimento das obras em relação à Copa, vêm muitos profissionais de outros estados. Geralmente quem ganhou essas obras da capital foram construtoras de outros estados, mas de uma maneira geral o mercado em Mato Grosso está bem servido de engenheiros.

 

TVCA – Mas já fizemos reportagem mostrando a dificuldades de empresas para contratar essas pessoas. Onde está essa diferença que dizem os donos das construtoras e o que pensa o Crea?
PC –
A dificuldade está na qualificação do profissional. As construtoras estão procurando profissionais com conhecimento técnico, que tenham habilidade no mercado. O que vem ocorrendo, esse "boom" de faculdades que têm até duzentos alunos em sala de aula sem qualidade nenhuma. Esse profissional vai se formar e terá dificuldade no mercado de trabalho. Agora um profissional que tem qualificação técnica, desenvolvimento intelectual, ele tem mercado de trabalho em qualquer parte do país.

 

TVCA -Quem está na faculdade ou curso médio e pretende ser um profissional ele deve fazer o que então para não ficar somente com o conhecimento de sala de aula?
PC –
Nas escolas públicas a qualidade do nível superior e médio é maior. Nas particulares muitas vezes deixa a desejar. Esse aluno deve cobrar qualidade no ensino, laboratórios bons. O Ministério da Educação muitas vezes não fiscaliza a qualidade desses laboratórios. O aluno está pagando por um serviço e deve exigir qualidade.

 

TVCA -O senhor mencionou antes da entrevista que houve uma redução na carga horária do curso de engenharia, antes existia mais horas-aulas do que é cobrado hoje?
PC –
Sim. Por exemplo, se você pegar o IFMT, os cursos tecnologia são de três anos. Em escolas particulares esse curso é dado em 18 meses. Na engenharia  a carga horária girava em torno de 5.200 horas com período integral para todas as modalidades de engenharia. Hoje você tem cursos de engenharia em apenas um período, matutito ou noturno e, o mais absurdo, temos quatro faculdades no estado com o curso de agronomia no período noturno.

 

TVCA -Como ficam as aulas de campo?
PC –
Essa pergunta já fizemos a essas instituições que alegam que as aulas de campo são dadas no sábado e domingo. Essa fiscalização precisa ser feita pelo MEC ou pelo Conselho Estadual de Educação.

 

TVCA -Para encerrar: De forma geral, Mato Grosso tem hoje boas oportunidades para os profissionais da engenheria, da construção?
PC – Tem sim, com um grande volume de obras, não só na capital, construções de hidrelétricas, de PCHs, as obras da Copa e várias outras obras do sistema viário por todo o estado. Mato Grosso é hoje um celeiro de obras onde existem muitas oportunidades, mas as empresas estão em busca de profissionais que sejam qualificados e com condições de desenvolver uma obra com qualidade e custo reduzido.