Aproveitamente de água da chuva pode solucionar escassez de água potável
30 de abril de 2014, às 14h44 - Tempo de leitura aproximado: 3 minutos

Boa parte das regiões rurais de Mato Grosso foi estudada pelo Instituto Nacional de Colonização e Reforma Agrária (Incra) e depois de cinco anos de pesquisa constatou-se que cerca de 100 mil famílias de agricultores familiares têm sérios problemas de acesso à água de qualidade para consumo.
Tentando solucionar esse problema, profissionais como o engenheiro agrônomo Samir Curi desenvolve projetos que alia educação ambiental ao combate à escassez da água. O projeto de Acesso à Água de Chuva tenta reproduzir no Estado de Mato Grosso a experiência aplicada no Nordeste brasileiro.
Uma das alternativa encontradas foi o uso do sistema de cisternas individuais, que aproveita a água da chuva para encher um reservatório com capacidade de oito mil litros, que abastece as famílias no meio rural no tempo da seca. “Essa água deverá servir para beber e cozinhar com uma média de 10 litros por ser humano por dia. As pessoas acham que no meio rural a água está em abundância. Ela está no rio, está no sub-solo, mas geralmente não está acessível às famílias. Nós temos problemas de salinidade excessiva e em sua maioria as fontes de água não são adequadas, apresentando contaminação por micoorganismos patogênicos, sais e agrotóxicos”, enfatizou Samir Curi.
O engenheiro agrônomo explica que com o sistema de cisternas a água coletada do telhado da residência por meio de calhas de PVC passa por um filtro, que em seguida escorre para uma cisterna e por fim é encaminhada para a caixa d’água da casa com a ajuda de uma bomba elétrica ,que antes de ser consumida ainda é passada por uma pós-filtragem e clorada.
A implantação da cisterna é custeada por verbas que vem de multas ambientais revertidas em projetos sociais relacionadas ao meio ambiente que são repassadas pelo Juizado Volante Ambiental (JUVAM) com o apoio do Ministério Público Estadual. Cada sistema custa em média R$ 3.500.
A qualidade da água captada nos reservatórios das cisternas também já estiveram em estudos pela Universidade Federal de Mato Grosso e os resultados das análises demonstram que a água está dentro dos padrões exigidos de pela portaria de potabilidade em todos os parâmetros.

A cisterna individual de oito mil litros para uso doméstico é só uma das seis ações que integram o Programa de Acesso à Água de Chuva e Educação Ambiental desenvolvido com o apoio do Incra. Outras ações como reservatórios de 125 mil litros implantados em escolas rurais em Cáceres; lagos de múltiplo uso, que fornece água para animais e plantio e reservatórios lonados individuais de 25 mil litros também fazem parte do programa. “São todos projetos que utilizam a água da chuva que é abundante em nosso Estado e são utilizados com fim de constituir princípios ambientalmente sustentáveis nas escolas e comunidades onde estão sendo implantadas.
Quanto à crescente crise de abastecimento de água vivida na Baixada Cuiabana e em outras regiões brasileiras, Samir Curi chama a atenção para a possibilidade de se implantar esse projeto também na área urbana. “Facilmente pode-se constatar que esta prática também pode ser adotada no meio urbano onde a água da chuva pode ser captada para ser utilizada para muitas finalidades como limpeza, jardinagem, uso de vasos sanitários, sendo necessários projetos de engenharia simples que preservariam a água potável para fins nobres. Muitas casas já possuem calhas, faltando apenas os reservatórios”, observou o coordenador do projeto.