Fruticultura em Mato Grosso do Sul: faltam incentivos e técnicos
25 de agosto de 2014, às 15h03 - Tempo de leitura aproximado: 3 minutos
Professor da Universidade Federal da Grande Dourados (UFGD-MS), José Luiz Fornasieri domina como poucos os conhecimentos sobre fruticultura e agricultura, com ênfase em arroz, feijão e mandioca, e está em Cuiabá participando do XXIII Congresso Brasileiro de Fruticultura, realizado pela Sociedade Brasileira de Fruticultura (SBF), em parceria com diversas empresas e órgãos públicos, entre eles os conselhos federal e regional de Engenharia e Agronomia e da Mútua, Caixa de Assistência, representando o Sistema Confea/Crea.
Em entrevista ao site do Confea e do Crea-MT, no intervalo entre mini-cursos e conferências, José Luiz afirma que o setor de fruticultura tem perspectivas de crescimento no estado, apesar de Mato Grosso do Sul ter sua agricultura caracterizada pelas chamadas grandes culturas, e da falta de mão de obra especializada para oferecer assistência técnica aos pequenos e médios produtores rurais.
Conselheiro regional por três mandatos, José Luiz também integra um grupo de professores que tenta suprir a carência de técnicos oferecendo ajuda aos pequenos agricultores.
Site – Além das grandes culturas e da falta de técnicos para dar assistência a pequenos e médios produtores, o que mais entrave o desenvolvimento do setor de fruticultura em Mato Grosso do Sul?
José Luiz – A baixa densidade demográfica prejudica muito o estado que tem 2,5 milhões de habitantes espalhados em 340 mil km². Esse é um problema sério que se agrava com a falta de logística de transporte. Por incrível que pareça, Mato Grosso do Sul importa 80% do que consome de frutas, verduras e hortaliças em geral. Essa produção vem de São Paulo, Mians Gerais, Goiás.
Site – Como a colonização de uma localidade influencia em seus hábitos e costumes, inclusive alimentares?
José Luiz – A influência é grande. Temos que levar em consideração ainda as condições do clima, e as características de cada solo. Veja os estados do Sul, colonizados por italianos, japoneses, e portugueses, onde o consumo de frutas e verduras é bem mais alto que o Nordeste, Norte e Centro-Oeste, por exemplo.
Site – Linhas de crédito são facilitadas para esses agricultores?
José Luiz – Os pequenos estão descapitalizados, são poucas as linhas de crédito e os juros são altos. Acredito que precisamos de politicas públicas bem definidas para o setor. Nossas terras produzem banana, maracujá, goiaba e manga e poderiam produzir ao menos para abastecer melhor o próprio estado.
Site – Alguma preocupação com o meio ambiente?
José Luiz – O cerrado está devastado, é preciso manter o que existe, recuperar o que foi danificado e buscar um equilíbrio para o bem do próprio homem. Nosso cerrado é, no mínimo, além de uma fonte de alimentos, um banco de material genético de valor incalculável.
Site – O projeto que o senhor desenvolve com outros professores dá oportunidade ao estudante, ou ao profissional recém formado?
José Luiz – Nossos recursos vêm do CNPq e o projeto se diferencia com a participação de alunos estagiários. Esse viés de valorização profissional é um dos meios de preparar o futuro profissional para atender ao mercado de trabalho.
Site – O senhor acredita que a participação do Confea em eventos de interesse público e social como este congresso, também é uma forma de valorizar desde o estudante até o profissional que atua na área da agronomia?
José Luiz – Sem dúvida acredito que essa participação é positiva. O Crea se revela, mostra sua cara de fiscalziador para o bem da sociedade e o Confea reafirma sua missão de normatizar nossas atividades. Participar desse processo de forma bastante ativa é um compromisso que assumi há muitos anos.