Servidores do zoológico da UFMT são investigados

4 de janeiro de 2008, às 0h00 - Tempo de leitura aproximado: 2 minutos

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A Polícia Federal requisitou a lista de nomes e endereços de todos os funcionários do zoológico da Universidade Federal de Mato Grosso (UFMT), de onde foram roubados sete filhotes de jacarés albinos. Na próxima semana, os servidores começam a ser interrogados. A UFMT também abriu sindicância para apurar o crime.

Peritos da PF vistoriaram o cativeiro onde os animais viviam e confirmaram que não houve arrombamento de grades ou cadeados. Quem roubou os jacarés provavelmente tinha cópias das chaves do viveiro e planejou bem a ação. Não apenas sabia que o zoológico não dispõe de segurança noturna, como escolheu um feriado, a noite do dia 1° de janeiro, para agir com mais tranqüilidade.

O biólogo Benedito Rondon, um dos fundadores do zoológico, acredita que o autor desse roubo conhece os hábitos, sabe lidar com jacarés e quando agiu tinha para onde e quem destinar os animais. No entendimento de Rondon, os jacarezinhos já saíram ou estão prestes a deixar o Brasil.

Biólogo do zoológico há quase 20 anos, Benedito Rondon conta que esse roubo o deixou indignado e triste, como se tivessem levado alguém de sua família. Ele lembrou que os jacarés albinos são raros, só existem neste zoológico. Fora de Mato Grosso apenas um zoológico particular de São Paulo, com quem a UFMT fez uma permuta para construção de cativeiros para pequenos felinos, possui dois exemplares de albinos.

Por quase 10 anos, a UFMT trabalhou em pesquisas fazendo o cruzamento de espécies comuns com albinos, resultando na formação de matrizes albinas e no nascimento de pouco mais de 20 Albinoides. Os primeiros nasceram em 2004, desde então anualmente, a cada ninhada, pelo menos 10% são albinos. Nesse período, sete morreram pouco tempo depois do nascimento.

No zoológico havia 14 jacarés albinos, sendo oito com idade entre três e dois anos, que ficavam no mesmo cativeiro, e seis nascidos no final do ano passado, que vivem separadamente. Da ninhada mais antiga restou apenas um, que provavelmente não foi levado porque estava escondido entre os filhotes comuns.

Teoricamente, observa Benedito Rondon, o recinto onde ficavam os jacarés roubados era 100% seguro. Esse local antes abrigava os filhos de onça nos primeiros meses de vida.

O Zoológico da UFMT abriga atualmente 700 animais, de 80 espécies. Todos os exemplares recebidos são registrados em fichas cujas informações são transpostas para um sistema, no computador, exigido pelo Ibama. “Por meio desse sistema emitimos relatórios anuais constando se morreram, se foram para outro zoológico, enfim todas as ocorrências”, esclarece o gerente Itamar Assumpção.

Durante o período de férias e mesmo com o furto, o zoológico está funcionado normalmente, com vigilância durante todo o dia.

BIOPIRATARIA – Um levantamento feito pelo Ibama aponta que o tráfico e o comércio ilegal de animais silvestres têm como principal rota as rodovias federais. Esse crime ambiental aumenta significativamente nos períodos de férias e feriados prolongados.

Fonte:Diário de Cuiabá