Produtor quer agora encargos menores

24 de maio de 2007, às 0h00 - Tempo de leitura aproximado: 2 minutos

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A Medida Provisória (MP) que cria o Fundo de Recebíveis do Agronegócio (FRA), publicada ontem no Diário Oficial da União, não atende totalmente ao que queria o setor produtivo brasileiro. Apesar de todos os pontos acordados anteriormente terem sido cumpridos pelo governo, os produtores consideram que os juros cobrados ainda são altos. Além disso, vão também brigar para “engordar” o fundo. Os R$ 2,2 bilhões disponibilizados são suficientes somente para quitar as dívidas dos produtores de Mato Grosso. Como o valor é para todo o país, vai levar quem chegar primeiro e estiver dentro das exigências determinadas na MP.

O presidente da Federação da Agricultura e Pecuária de Mato Grosso (Famato), deputado federal Homero Pereira, frisa que alguns parlamentares já estão preparando emendas para a MP. Essas emendas seriam principalmente para mudar a questão dos juros. Pela medida editada ontem, os produtores poderão usar recursos do fundo para quitar débitos com os fornecedores de insumos relativos às safras 04/05 e 05/06. Os financiamentos serão quitados em no máximo quatro prestações, começando em 2009, com encargos compostos pela Taxa de Juros de Longo Prazo (TJLP), mais 5% ao ano. Segundo Pereira, isso dá em torno de 11%. “É mais baixo do que estamos pagando as empresas privadas, que pode variar de 15% a 20%, mas é mais alto que o crédito rural, de 8,75%. Está um pouco salgado”. Ele não não pretende apresentar emendas à MP.

Como o montante disponibilizado inicialmente não é suficiente para todo mundo, o presidente da Famato alerta ser preciso gastar bem primeiro para depois negociar mais recursos com os bancos. Ele lembra que, pela MP, o fundo pode ter aporte de outras fontes. Pereira diz ainda que o FRA é apenas um capítulo das reivindicações do setor produtivo ao governo, pois se refere somente às dívidas com as empresas privadas. Ou seja, continuam as discussões sobre o grosso do débito, que se refere ao investimento.

O presidente da Associação dos Produtores de Soja (Aprosoja), Rui Prado, antecipa que, como entidade, vai solicitar mais recursos para o FRA. “A fonte é bastante ampla, são depósitos à vista e poupança rural”. Ele destaca que o fundo resolve somente parte do problema do setor produtivo e que há um cenário de apreensão para a próxima safra.

Um dos motivos é a queda do dólar, que continua. Prado fala ainda da necessidade de investimento em logística e equalização do preço do diesel. Segundo ele, o produtor precisa de renda para poder honrar as contas.

Fonte:Gazeta Digital