Mato Grosso aberto a parceria com Portugal no biocombustível

21 de junho de 2007, às 0h00 - Tempo de leitura aproximado: 5 minutos

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Com investimentos de R$ 3,4 milhões já feitos no Programa de Bioenergia do Paraná, o governo do Estado do Paraná vai ampliar a troca de experiências entre investidores, governos e instituições de pesquisa paranaenses e européias para a produção de combustíveis renováveis. O anúncio foi feito nesta quarta-feira (20) pelo vice-governador Orlando Pessuti durante o I Encontro Luso-Brasileiro de Negócios em Biocombustíveis no Paraná, realizado em Curitiba. Além do Paraná, também o Governo do Mato Grosso, presente no evento, mostrou abertura para parcerias com Portugal nesta área.

“O governo estadual luta para a implantação de uma política energética baseada na energia limpa e de recursos renováveis”, afirmou Pessuti, citado pela Agência Estadual de Notícias do Paraná. “Ao lado da iniciativa privada, cooperativas, sindicatos, centros de pesquisa e universidades, o Paraná se tornou exemplo da prova que a substituição de áreas até então degradadas ou de pastagens podem ser utilizadas para a produção de culturas voltadas aos biocombustíveis. Tudo sem a perda de áreas territoriais ou de produção de alimentos”, acrescentou.

Segundo o embaixador de Portugal no Brasil, Francisco Seixas da Costa, estão surgindo novas e promissoras oportunidades de negócios entre o Brasil e Portugal. “O Brasil assumiu um papel de liderança mundial no consumo, produção e pesquisa no setor de biocombustíveis. A cooperação entre o Brasil e a União Européia trará benefícios mútuos que passam por causas ambientais até ao desenvolvimento sustentável”, afirmou Seixas da Costa.

Durante a abertura do encontro luso-brasileiro, que prossegue esta quinta-feira, o secretário estadual da Agricultura e do Abastecimento do Paraná, Valter Bianchini, mostrou as potencialidades paranaenses aos empresários e autoridades governamentais de Portugal. “Nossa safra neste ano será de 30 milhões de toneladas de grãos, sendo 25 milhões em soja e milho. O Paraná apresenta um sistema consolidado em infra-estrutura de rodovias, ferrovias e portos, preparados para receber investimentos”, afirmou. Segundo o secretário, até 2010, o Brasil irá produzir dois bilhões de litros de biodiesel e o Paraná terá grande contribuição nessa conquista.

A importância econômica e social do programa de biocombustíveis no Estado, disse ainda Bianchini, passa pelo desenvolvimento das pesquisas com plantas oleaginosas realizadas pelo Instituto Agronômico do Paraná (Iapar), à inserção do agricultor familiar nesse projeto.

De acordo com a Secretaria de Ciência, Tecnologia e Ensino Superior e o Instituto de Tecnologia do Paraná (Tecpar), está em fase final de testes o desenvolvimento de uma planta-modelo de produção de biodiesel em Curitiba.

O Tecpar está promovendo estudos voltados para a implantação, principalmente nos municípios com baixo Índice de Desenvolvimento Humano, de mini-usinas para atendimento aos pequenos agricultores. O objetivo é fazer com que o pequeno produtor rural produza o seu próprio biodiesel, com suporte científico e tecnológico do governo estadual.

No campo do comércio exterior, o Paraná e Portugal já apresentam fortes laços econômicos, segundo a Agência Estadual de Notícias do Paraná. As exportações paranaenses para o país lusitano tiveram alta de 127% em maio último, na comparação com o mesmo período de 2006. Já as importações do Paraná de Portugal cresceram 244% no mesmo período. No comparativo dos meses de janeiro a maio de 2007, o Paraná já exportou US$ 44 milhões, uma alta de 70% sobre o ano passado. Nas importações, o Paraná comprou no período US$ 8 milhões em produtos portugueses, elevação de 92%.

Também o Mato Grosso está interessado nos investidores portugueses. De acordo com os dados apresentados pelo Secretário de Indústria, Comércio, Minas e Energia, Alexandre Furlan, o Mato Grosso possui atualmente 20 plantas de biodiesel, sendo nove em negociação, oito em instalação e três em funcionamento. As empresas poderão utilizar como matéria-prima a soja, o algodão o girassol e a mamona que são produzidas no Estado.

As empresas Renobrás e Barralcool são as duas plantas de produção de biodiesel com capacidade de produção autorizada pela Agência Nacional de Petróleo. A Renobrás, localizada no município de Dom Aquino, poderá produzir 20 m3/ dia e a Barralcool, instalada em Barra do Bugres, produzirá 166,7 m3/ dia.

Para o secretário Alexandre Furlan, Mato Grosso apresenta uma série de vantagens para produção de biodiesel, como condições climáticas apropriadas para cultivo de oleaginosa, grande extensão territorial com preço da terra muito competitivo, visão sócio-ambiental estabelecida como política de governo, além de possuir o maior rebanho bovino do país, com cerca de 27 milhões de cabeças. “Os 42 frigoríficos aqui instalados abatem cerca de 5,2 milhões de cabeças/ano, produzindo 54,2 milhões de quilos de sebo que podem ser usados na produção de biodiesel, na proporção de 1 quilo para 1 litro, após o processo de transformação”, disse Furlan.

Para o presidente da Câmara de Comércio e Indústria Luso-Brasileira (de Lisboa), António Bustorff, a questão dos biocombustíveis é de fundamental importância enquanto a metade das reservas mundiais de petróleo atuais se encontra em áreas de conflito. “A longevidade e a otimização do petróleo são preocupações em todos os continentes”, afirmou.

Segundo Bustorff, no ano passado, o mundo todo investiu US$ 55 bilhões em pesquisa para a energia limpa. “Em 2016 serão US$ 226 bilhões e existem previsões que a América Latina será responsável por 78% da produção mundial de biocombustíveis”, disse o presidente da Câmara de Comércio e Indústria Luso-Brasileira.

No encontro, o presidente da portuguesa Iberol, João Rodrigues, disse que este ano sua empresa está aplicando 100 milhões de euros na compra de 400 mil toneladas de soja exportadas pelo Porto de Paranaguá. Ele adiantou que a tendência de Portugal é ampliar as compras de grãos para fabricação do biodiesel na Europa.

João Rodrigues considera importante o fato de o Paraná estar buscando alternativas tecnológicas de produção de grãos para fabricação do biodiesel, fator que poderá ampliar as compras no Brasil. A Iberol é um dos patrocinadores do evento, juntamente com o banco Banif. As informações são da Agência Estadual de Notícias do Paraná e da Secretaria de Comunicação do Governo do Mato Grosso.(com Agências).

Fonte:24HorasNews