Instituto de Engenharia de MT realiza ciclo de palestras técnicas para engenheiros e acadêmicos

13 de dezembro de 2019, às 14h10 - Tempo de leitura aproximado: 7 minutos

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Coordenador do curso de Engenharia Elétrica da UFMT, Danilo Ferreira

Dados da Associação Brasileira de Conscientização dos Perigos de Eletricidade (Abracopel), mostram que em 2018, foram registrados 1.424 acidentes com origem elétrica em todo o país, sendo 836 choques, 537 incêndios por sobrecarga ou curto-circuito e 51 descargas atmosféricas (raios). Isso representou um aumento de 2,67% em comparação ao ano anterior e de 37,2% em relação a 2013, início da série histórica. Estes números contabilizam os casos fatais e não fatais. O número consta do Anuário Estatístico de Acidentes de Origem Elétrica.

Na expetativa de reduzir esse quadro negativo que o coordenador do curso de Engenharia Elétrica da Universidade Federal de Mato Grosso (UFMT), engenheiro eletricista, Danilo Ferreira ministrou palestra sobre: “Documentação e Segurança nas Instalações Elétricas em Baixa e Média Tensão”, durante o ciclo de palestras durante a 1° Semana das Engenharias, nos dias 11 e 12 de dezembro. Voltado para profissionais de várias modalidades da engenharia e acadêmicos, o evento   é realizado pelo Instituto de Engenharia de Mato Grosso (IEMT) com apoio do Instituto de Pós-Graduação (IPOG) em Cuiabá.

Ao explanar os números de acidentes causados por eletricidade de 2013 a 2018, Danilo citou como exemplo, o incêndio no Edifício Joelma no estado de São Paulo, em 1974, considerado o pior de todos, que matou 188 pessoas. Resultando de um curto-circuito em um ar-condicionado no 12º segundo andar. O fogo se alastrou pelos andares superiores do prédio, onde estavam mais de 750 pessoas naquele momento.

vice-presidente do IEMT e Rodrigo Senra tesoureiro do Instituto e coordenador da 1° Semana das Engenharias

O engenheiro eletricista ainda mostrou o que prescreve a Associação Brasileira de Normas Técnicas (ABNT) “Norma Brasileira” (NBR) 5410:2008 de instalações elétricas de baixa tensão. Estabelecendo a documentação da instalação e que deve ser executada a partir de projeto especifico, contendo: plantas, esquemas unifilares que são desenhos técnicos que representam de forma simplificada o sistema elétrico e outros, quando aplicáveis. Detalhes das montagens, quando necessários, bem como memorial descritivo da instalação e especificação dos componentes, ou seja, descrição, características nominais e normas que devem atender.

A NBR, 5410, que estipula as condições adequadas para o funcionamento usual e seguro das instalações elétricas de baixa tensão. A Norma Brasileira é aplicada principalmente em instalações prediais, públicas, comerciais, etc. Além do parâmetro do projeto, como: correntes de curto-circuito, queda de tensão, fatores de demandas considerados, temperatura ambiente e outros.

“Muitas vezes o elevado índice de acidentes relacionados a questão elétrica, seriam evitados se a instalação fosse documentada, com a confecção do projeto por um profissional qualificado e habilitado.   Também devem ser realizados periodicamente ensaios e inspeções visuais de acordo com que prescreve na normativa, garantindo a segurança, além de diminuir os riscos de choque elétrico, incêndios, oriundos de sobrecargas, curto-circuito e danos devidos as descargas atmosféricas. De modo geral, os acidentes ocorrem também por causa do estado de conservação da instalação. As vezes tem uma instalação visualmente bem elaborada, mas que não tem documentação adequada evidenciando a devida coordenação entre os dispositivos de proteção e os condutores elétricos, conforme prevê a norma 5410 de 2004, estabelecida pela Associação Brasileira de Normas Técnicas (ABNT) ”, disse Danilo.

Palestrante Ariovaldo Fernandes de Almeida

O coordenador da Engenharia Elétrica da UFMT lembrou que é necessária a representação gráfica de uma instalação elétrica e que nem sempre o memorial descritivo, os cálculos de queda de tenção, os níveis de curto-circuito adequado para os dispositivos de proteção da instalação não são obedecidos conforme a norma prescreve. “ Uma das questões que tem chamado atenção é a ausência do Dispositivo Residual (DR), também conhecido por proteger as pessoas, reduzindo o tempo de exposição ao choque elétrico. O DR é fundamental nas instalações elétricas em baixa, podendo reduzir em mais de 80% os acidentes por choque elétrico ”, disparou o engenheiro eletricista.

Palestrante, o engenheiro civil Jonathan Almeida Nery

Dentro da programação do ciclo de palestras, o engenheiro civil Jonathan Almeida Nery abordou sobre “ Superfaturamento em Obras Públicas”. Mostrando quais as formas que ocorrem o superfaturamento e medidas tomadas para combater. O principal objetivo é apresentar, tanto aos profissionais e estudantes de engenharia como isso pode acontecer, uma forma também de ensinar aos presentes como proteger o erário público. Entre os assuntos debatidos Jonathan focou no superfaturamento por jogo de planilha. “ É o dano ao erário caracterizado pela quebra do equilíbrio econômico-financeiro inicial do contrato em desfavor da administração por meio de alteração de quantitativos ou preços durante a execução da obra”, disse Jonathan.

O engenheiro civil falou do método do desconto e do balanço, superfaturamento por qualidade, que é o custo de reparo ou refazimento dos serviços defeituosos. Nas situações em que a conversão do superfaturamento de qualidade se mostra insuficiente para qualificar todos os prejuízos da administração pública. O faturamento de qualidade deve corresponder aos custos diretos e indiretos de todos os serviços associados ao reparo, refazimento ou correção dos serviços defeituosos.

No dia 12 de dezembro a engenheira civil, Marina Baltar falou sobre Mobilidade Urbana, quais os novos desafios. “Destaquei a definição da mobilidade e a atual situação do município de Cuiabá, através dos estudos que foram feitos para a licitação de ônibus. Além disso, foi mostrado quais fatores que alteram no padrão de viagem e como isso gera questões para o transporte coletivo. Outro assunto debatido foi a mobilidade sustentável e quais objetivos de procurar um plano de mobilidade dessa natureza, com a ideia de planos diretores orientados ao transporte sustentável. Devemos buscar uma cidade compacta, conectada e coordenada”, disse a palestrante.

Profissionais da engenharia e homenageados

O consultor de inovação  Henrique Rolim, mostrou como os startups trazem inovação na engenharia. Já Ariovaldo Fernandes de Almeida debateu sobre os Requisitos de Desempenho de Estruturas Metálicas Alinhados à NBR 15.575 (Norma de Desempenho).

“Um dos principais objetivos do evento foi mostrar aos profissionais presentes as novas tecnologias de diversas áreas da Engenharia, além de aproveitarmos o momento para homenagear várias pessoas que fizeram a diferença na gestão do IEMT. Pelo Instituto de Engenharia de Mato Grosso ser uma entidade multidisciplinar, pensamos em um encontro que atendesse todos os profissionais do Sistema Confea/Crea e Mútua, e também a sociedade de forma geral, tratando de assuntos como Mobilidade Urbana, Superfaturamento de Obras e StartUps,  bem como  temas  específicos, entre eles, o desempenho de estruturas metálicas e os projetos de instalações elétricas”, disse  Rodrigo Senra  tesoureiro do Instituto e coordenador da 1° Semana das Engenharias.

“ Todos os temas foram produtivos e de grande relevância. Considero como suporte técnico para nós engenheiros. Uma ferramenta para agregar conhecimento para minha vida profissional”, explicou a engenheira civil, Eslaine Hurtado.

Presidente do Instituto de Engenharia de Mato Grosso (IEMT), Edinete Ferreira e os palestrantes, Marina Baltar e Henrique Rolim

Para a presidente do Instituto de Engenharia de Mato Grosso (IEMT), Edinete Ferreira o encontro é uma homenagem aos engenheiros de Mato Grosso, comemorado Dia 11 de dezembro, principalmente aos associados da entidade de classe IEMT, trazendo quatro palestras de grande magnitude para aprimorar o conhecimento técnico do profissional da engenharia. “É gratificante homenagear aqueles que sempre labutaram pelo engrandecimento da Engenharia do Estado. Desde a data da sua fundação em 1960, até hoje, a nossa entidade mostra sua grandeza ao valorizar os profissionais inseridos nela”, disse Edinete.

Ainda segundo Edinete, está previsto para o próximo ano realização de rodada de palestra com Workshop e cursos mensais.

Já para o vice-presidente do Instituto Jorge Miguel Rachid Jaudy, o ciclo de palestras engloba todos os profissionais da Engenharia do Sistema Confea/Crea. Tendo como finalidade a troca de informações  entre os profissionais e estudantes presentes no evento.

Na oportunidade, o Instituto de Engenharia homenageou profissionais da Engenharia e da arquitetura. Recebeu homenagem, o engenheiro Eletricista Montenegro Escobal, arquiteto Antônio Carlos Cândia, engenheiro Civil Tarcísio Bassan Vezzi, engenheiro Jorge Miguel Rachid Jaudy, engenheiro civil José Francisco Barbosa Ortz e o engenheiro Agrônomo Luiz Benedito de Lima Neto.

Cristina Cavaleiro/Equipe de Comunicação do Crea-MT