Furto de energia dá prejuízo de R$ 6 milhões à Companhia Energética de Brasília

27 de novembro de 2007, às 0h00 - Tempo de leitura aproximado: 4 minutos

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O roubo de energia elétrica no Distrito Federal alcançou proporções preocupantes nos últimos três meses. Levantamento realizado pela Companhia Energética de Brasília (CEB) revela que foram registrados, desde agosto, 36.492 casos de furto de energia, os chamados “gatos”.

Pelos cálculos, a estatal deixou de arrecadar R$ 547 mil durante o período. Ao longo do ano, o prejuízo ultrapassa a casa dos R$ 6,5 milhões. Como medida emergencial, a companhia adotou, na primeira semana deste mês, um plano de metas para coibir a prática. A idéia é ampliar a fiscalização nas áreas com maior incidência, já que são apenas 38 funcionários encarregados da tarefa em todo o DF.

O levantamento aponta ainda que o desvio de energia ocorre com maior freqüência nas regiões de baixa renda, especialmente nos condomínios em processo de regularização e sem rede elétrica. Para o superintendente de manutenção da CEB, Eugênio Cardoso, a situação propicia o furto de energia. “Há pessoas que chegam a comprar transformadores e cobrar pela energia nesses locais. Isso é um risco e não aconteceria se nossa rede de atendimento fosse ampliada”, diz ele. A falta de licenciamento ambiental em áreas ainda irregulares é uma das barreiras para a ampliação da rede elétrica.

Baseada nos números do levantamento e no mapeamento de áreas, os fiscais da CEB deverão agir em parceria com a Polícia Militar. A intenção é acabar com a ousadia dos ladrões de energia, já que eles costumam agir após a visita dos fiscais. “É difícil impedir os gatos. A parceria com a polícia é que vai fazer diferença nos patrulhamentos”, avalia Eugênio Cardoso.

Invasão
Os prejuízos com o furto de energia acabam recaindo sobre o consumidor que paga corretamente a energia. A sobrecarga nos transformadores resulta na queda de energia. Localizada em Águas Claras, a colônia agrícola Vereda da Cruz é uma das regiões que sofre com o problema. Nem mesmo a polícia consegue evitar a prática. Segundo os moradores, são os pedintes, instalados em barracões nas proximidades, os responsáveis pelo transtorno. Os fios da rede elétrica são conectados aos barracos, onde são usados eltrodomésticos como televisões, som e rádios.

O comerciante João Domingos Ribeiro, 47 anos, conta que a queda de energia é diária no local. Segundo ele, são nos momentos de maior pico que o transtorno acontece. “No último jogo do Brasil eu só fui saber do resultado no dia seguinte”, reclama o morador, que com freqüência também é obrigado a tomar banho frio.

Unidos para solucionar o problema, os moradores do condomínio levaram as denúncias à ouvidoria da CEB. No entanto, aguardam há mais de dois meses uma solução. Cansados de esperar, resolveram procurar a Agência Nacional de Energia Elétrica (Anel). A resposta foi desanimadora. Segundo a professora Edilene Pereira Araújo, 39 anos, o órgão regulador disse que a CEB é a responsável por solucionar o problema, portanto caberia a ela agir. Já a distribuidora local justifica o atraso em razão dos altos números de denúncias. Segundo a assessoria de imprensa, são registrados por mês uma média de 50 casos.

Classe média
Não são apenas os condomínios de baixa renda ou invasões que praticam o roubo de energia. É cada vez mais comum a prática dentro de condomínios de classe média. A fórmula costuma ser a mesma. Um morador solicita a energia, que é distribuída de forma irregular entre as casas. No fim do mês, a conta fracionada entre os usuários da rede ilegal.

A equipe do CorreioWeb visitou três condomínios próximos à colônia agrícola Vereda da Cruz. Em todos eles, foram flagradas gambiarras espalhadas entre as casas. Questionado sobre o assunto, o morador Ademir Lopes Araújo admitiu o desvio de energia. No entanto, alegou que a diferença é repassada todo o mês para a Ceb. “Eles disponibilizaram a energia há apenas três casas. Nós resolvemos fazer uma instalação interna e pagamos sempre o valor, com base em nossos cálculos”, afirma. Consultada, a superintendência da Ceb diz não ter conhecimento sobre o assunto.

Campões de denúncias em Gambiarras ao mês
Itapuã – 12 mil
Estrutural – 6 mil
Ceilândia – 2,5 mil
Samambaia – 2 mil
São Sebastião – 1.648
Arapoanga – 1,2 mil
Varjão – 700
Riacho Fundo – 600
Recanto das Emas – 500

O que diz o código penal
Artigo 155
Parágrafo terceiro
É crime subtrair para si ou outros coisa alheia à móvel. Equipara-se à coisa móvel energia elétrica. Nesse caso, aplica-se pena de reclusão de um a quatro anos e multa. (valor calculado de acordo com as circunstâncias do crime).

Fonte:CorreioWeb