Etanol não é ameaça para Amazônia, afirma Lula

14 de março de 2007, às 0h00 - Tempo de leitura aproximado: 2 minutos

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Fonte: O Estado de S.Paulo

Presidente assegura que governo só vai investir onde não há mata nativa

Pela primeira vez, o presidente Luiz Inácio Lula da Silva se comprometeu a não incentivar plantios para a produção de biocombustíveis na Floresta Amazônia e no ecossistema do Pantanal.

Em entrevista divulgada ontem no programa de rádio Café com o Presidente, ele assegurou que o governo propõe o uso de áreas já degradadas para obter a matéria-prima das usinas de combustíveis renováveis. ‘Não queremos plantar cana-de-açúcar para produzir álcool nem plantar oleaginosas para produzir biocombustível na Amazônia’, afirmou.

Durante o programa, Lula se antecipou a críticas de ambientalistas ao projeto de biocombustível. Além de prometer que o governo só investirá em áreas sem vegetação nativa, o presidente destacou que os combustíveis renováveis causam menos danos ambientais. ‘Temos de preservar nossas matas e nossa fauna’, disse. ‘A mistura de álcool e gasolina diminui a emissão de gás carbônico.’

Ele avaliou que é irreversível a transformação do álcool em uma commodity, mercadoria com preço regulado no mercado externo. ‘É uma questão irreversível, na medida em que o álcool começa a ganhar corpo, começa a ser misturado na gasolina e os países do mundo inteiro começam a se preocupar em diminuir a emissão de gás carbônico’, afirmou. ‘Isso significa que, logo, logo, o álcool vai ter um preço internacional’, completou.

‘Temos de ter mais responsabilidade porque nós temos que, não só oferecer o álcool, mas garantir o suprimento do mercado brasileiro e do mercado internacional.’

Na entrevista ao jornalista Luiz Fava Monteiro, da Radiobrás, o presidente disse acreditar que o Brasil e os Estados Unidos podem fazer uma parceria capaz de mudar a lógica da política energética na área de combustíveis.

Sobretaxa

‘Os Estados Unidos são grandes produtores de álcool e produzem álcool de milho. O álcool de milho é mais caro que o álcool de cana-de-açúcar. Só para ter uma idéia, o Brasil precisa investir US$ 0,28 para produzir um litro de álcool e os Estados Unidos precisam investir US$ 0,45 para produzir um litro de álcool de milho’, disse.

Lula comentou o encontro que teve na sexta-feira com o presidente dos Estados Unidos, George W. Bush. ‘Estamos convencidos de que essa parceria passa por investimentos dos países mais ricos em países mais pobres, para que esses possam produzir também o álcool ou o biocombustível.’

No encontro, Lula e Bush assinaram compromisso de investimentos e pesquisa em biocombustíveis, principal resultado da visita do presidente americano. Ele justificou o interesse no álcool brasileiro como questão de segurança nacional, para reduzir a dependência do petróleo.

A sobretaxa do etanol brasileiro nos Estados Unidos não entrou na negociação entre os dois presidente. Para Lula, a discussão sobre a tarifa é questão de tempo.