Desmatamento volta a subir no Estado

10 de outubro de 2007, às 0h00 - Tempo de leitura aproximado: 2 minutos

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O desmatamento registrado nos municípios mato-grossenses teve um aumento de 200% entre os meses de maio e julho deste ano, se comparado com o mesmo período de 2006. O número foi divulgado pelo boletim Transparência Florestal, elaborado pelo Instituto Centro de Vida (ICV). A organização aponta que o dado pode ser um indicativo do risco que há de aumentar a retirada ilegal da vegetação nos próximos meses no Estado.

O Sistema Alerta de Desmatamento (SAD) registrou a retirada de 245 quilômetros quadrados de mata nos três meses de 2007, enquanto ano passado foi detectado o desmate de aproximadamente 80 quilômetros quadrados, segundo o ICV. O coordenador do ICV, Laurent Micol, apontou que os números absolutos não são tão altos, mas que eles exigem atenção. A área desmatada em julho deste ano foi de 76 quilômetros quadrados, um aumento de 64% em relação ao mês anterior. Em junho, foram detectados 46 quilômetros quadrados de desmatamento.

A melhoria nos preços das comoditties agrícolas é apontada como um dos fatores que podem estar por trás da evolução do desmatamento. Para Laurent, é preciso começar a desenvolver ações preventivas imediatamente, pois o plantio da próxima safra está prestes a começar. “Um dos grandes desafios dos produtores rurais é produzir mais, com menos espaço e agregar valor ao produto. O desenvolvimento sustentável é possível”, afirmou o ambientalista.

No geral, 85% das áreas desmatadas estão inseridas em propriedades rurais. Cerca de 65 quilômetros quadrados, dos 76 desmatados em julho, estão em fazendas, sendo que 38 quilômetros quadrados (mais de 50%) da mata foram derrubados em propriedades não registradas no Sistema de Licenciamento Ambiental (SLAPR).

A proposta do ICV é que o governo comece a notificar os proprietários de áreas que não estão inscritas no SLAPR imediatamente, já que são elas que apresentam os maiores índices de destruição ilegal da vegetação. “Apenas 30% das propriedades rurais constam no sistema”, disse Laurent. Os municípios mais desmatados em julho foram Juína, Colniza, Canabrava do Norte e Marcelândia.

Apesar da preocupação dos ambientalistas, no acumulado do ano, os números são melhores do que os registrados em 2006. Entre agosto de 2005 e julho de 2006, foram detectados 6.086 quilômetros quadrados de área desmatada. Já entre agosto de 2006 e julho de 2007, o número caiu para 2.512 quilômetros quadrados, o equivalente a uma redução de 59%.

“Os números postos são encorajadores e uma das causas são as ações do governo para coibir as práticas de desmatamento. O próprio setor agrícola promoveu alguns acordos. Contudo, ainda é necessário investir mais na estrutura dos órgãos ambientais”, avaliou Laurent.

Fonte:Diário de Cuiabá