Construção civil vive momento de crescimento em Mato Grosso

6 de agosto de 2007, às 0h00 - Tempo de leitura aproximado: 6 minutos

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Condomínios horizontais, verticais e industrialização movimentarão milhões no EstadoAldair Santos
Os três maiores empreendimentos na área da construção civil em Cuiabá deve injetar mais de R$ 500 milhões nos próximos cinco anos na capital mato-grossense. O dinheiro será investido por futuros moradores de condomínios horizontais de Cuiabá. Pelo menos 31.500 novos postos de emprego serão abertos para profissionais da construção civil. A construção civil tem reagido fortemente desde o ano passado, aquecendo a economia estadual.

Atualmente, há seis condomínios horizontais na capital no formato onde o cliente compra o terreno e se torna responsável pela construção do imóvel. “Esse formato leva à contratação de uma série de profissionais, empresas e serviços complementares”, observa o engenheiro civil Luiz Humberto Borges.

Com 24 anos de experiência no mercado local, Luiz Humberto é um dos profissionais beneficiados com os condomínios horizontais. “Hoje, 90% dos projetos que estamos executando são residências em condomínios”, disse.

Somente no residencial Florais Cuiabá, o engenheiro executou dez projetos, mas na lista de obras do profissional constam também projetos nos condomínios Alphaville, Granville e Country. Para ele, os condomínios horizontais é uma tendência que veio para ficar. Arquitetos, engenheiros civis e eletricistas, pedreiros, serventes, mestres-de-obras e pintores, além de empreiteiras, são aqueles mais diretamente beneficiados pelos empreendimentos em condomínios fechados. Mas a cadeia de segmentos beneficiados inclui ainda decoradores, paisagistas, lojas de materiais de construção, empresas de móveis e eletrodomésticos, por exemplo.

Em um projeto padrão para um condomínio de classe média alta, são gerados em média, de 15 a 18 empregos diretos, explicou o engenheiro.

Contabilizando esses números, apenas nos três maiores condomínios da cidade, que somam aproximadamente 2.100 lotes, chega-se a uma projeção de 31.500 novos empregos a serem gerados nos próximos cinco anos – tempo previsto para a finalização da maior parte das obras.

Outro ponto positivo é que todos os investimentos por parte de futuros moradores são formais, já que as maiores incorporadoras exigem que o projeto arquitetônico seja totalmente oficializado e documentado junto aos órgãos competentes. Embora haja a contratação de profissionais autônomos, praticamente toda a cadeia de investimento é formal, o que acaba sendo positivo também para os cofres públicos, com a geração de impostos.

Investimento

Em média, calcula-se que para construir uma casa em um condomínio fechado em um desses condomínios seja necessário investir ao menos R$ 250 mil na construção. O resultado é uma projeção em que apenas os três maiores condomínios da capital vão gerar investimento de R$ 520 milhões em toda a cadeia produtiva da construção.

“É um investimento que deve ser finalizado em cerca de cinco anos, com a construção de todas as unidades disponíveis. Mas como o mercado está se preparando para novos lançamentos, essa é uma onda que não deve diminuir tão cedo”, aposta Júlio César de Almeida Braz, sócio diretor de uma grande empresa de construção civil da capital.

O Sindicato das Indústrias de Construção Civil de Mato Grosso (Sinduscon) explica que os números são ainda maiores. Além dos investimentos em seis grandes condomínios horizontais, a surpreendente reação do mercado imobiliário vertical vai impulsionar ainda mais o mercado. Prédios de alto padrão estão sendo erguidos nos bairros Goiabeiras, Quilombo, Bosque da Saúde e próximo a Avenida do CPA.

“A movimentação de dinheiro é muito alta. Um apartamento vertical, com terreno, construção e decoração chega próximo de R$ 500 mil. No horizontal também chega a esse valor. Só a construção custa cerca de R$ 250 mil. Mas é preciso adquirir o terreno, cotado hoje entre R$ 70 e R$ 80 mil, decorar e mobiliar a casa. Em alguns casos algumas casas no horizontal são construídas em dois terrenos”, explicou Luiz Carlos Richter, presidente do Sinduscon.

O setor está aquecido em todo o Estado, inclusive no interior. “Mato Grosso passa por um intenso processo de industrialização. Isso gera um investimento em cadeia. O impacto do investimento em construção civil é imediato na economia local e na geração de emprego”, disse Luiz Carlos.

Ele explicou que os condomínios verticais reinaram absolutos por aproximadamente duas décadas, absorvendo quase 100% dos investimentos para construção civil entre 84 e 2003. Em 2004 o setor sofreu forte recessão. Os condomínios horizontais predominaram. “É surpreendente como os investimentos estão sendo direcionados novamente para os condomínios verticais”, disse. A perspectiva não é a mesma dos anos 90, mas os investimentos indicam uma curva de crescimento para os próximos quatro ou cinco anos. As construções verticais poderão se equiparar às horizontais nos próximos anos.

Investimento na classe média

A curadoria do conselho responsável pelo Fundo de Garantia por Tempo de Serviço (FGTS), aprovou uma decisão inédita hoje. A taxa de juros para a tomada de empréstimos na aquisição da casa própria com recursos do fundo está no patamar dos 6% a.a, além da Taxa Referencial que é regulamentada pelo Ministério da Fazenda. Com a nova medida que passa a vigorar em 2008, o trabalhador titular de conta vinculada ao FGTS, poderá realizar empréstimos com juros de 5.5%, além das tarifas referenciais.

Outro ganho obtido foi o aumento da faixa de renda bruta familiar nas capitais e regiões metropolitanas, que subiu de R$ 3,9 mil para R$ 4,9 mil e ampliação no valor dos imóveis financiados pelo fundo. A nova medida também ampliou o valor do imóvel a ser financiado que passou de R$ 100 mil para R$ 130 mil. Nas demais capitais da federação o valor também aumentou.

No caso de Cuiabá, que anteriormente atingia um valor estipulado de R$ 80 mil, agora passa a vigorar um valor de R$ 100 mil para financiamento da casa própria. Nas outras regiões que não foram encaixadas nesse perfil, houve um crescimento substancial nos valores de financiamento que agora alcança os R$ 80 mil.

De acordo com o Conselho Curador do FGTS, a medida beneficia uma gama maior de tabalhadores.”Dados do ministério das Cidades e da Caixa mostram que 23% dos tomadores de empréstimos têm conta vinculada do FGTS. No ano passado foram 360 mil pessoas que obtiveram empréstimos com recursos do Fundo”, avalia o secretário-executivo do FGTS.

Luiz Carlos disse ao TVCA Online que essa medida interfere diretamente a classe média, que responde por aproximadamente 40% do mercado. O investimento individual é bem menor que na classe alta, mas o mercado é bem maior. Cerca de 10% dos investidores são da classe alta. Estes investem em imóveis que podem custar mais de $ 1 milhão.
O presidente do Sinduscon também explicou que o grande momento da construção civil deve acontecer no próximo ano, com as estimativas de investimentos em projetos do Programa de Aceleração do Crescimento do Governo Federal (PAC). As obras terão impacto direto em toda a cadeia da construção civil.

Mercado de trabalho

O setor da Construção Civil fechou com saldo positivo no primeiro semestre de 2007. Com aumento de 97.571 postos de trabalho abertos em todo país, o que resultou em um crescimento de 7,22% em relação ao estoque de empregos em janeiro. Os dados foram registrados pelo Cadastro Geral de Empregos e Desempregados (CAGED) e divulgados em julho.

O segmento que apresentou melhor desempenho no setor foi o de edificações (30.928 vagas). No Centro-Oeste o índice da Construção Civil aponta um crescimento de 7,60%. Com melhor desempenho entre os Estados da região, Mato Grosso registra uma marca de 22,08%. Na segunda posição está o Estado de Goiás que cresceu 13,27%, seguido pelo Mato Grosso do Sul que registrou uma retração de -1,20% e o Distrito Federal -0,66%.

Fonte:TVCA