Cemat admite novas interrupções em Cuiabá

4 de outubro de 2007, às 0h00 - Tempo de leitura aproximado: 4 minutos

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O superintendente de Engenharia da Cemat, José Adriano Mendes, informou que apesar do aumento no consumo e da paralisação da termelétrica de Cuiabá, a Mário Covas, o abastecimento de energia está garantido ao Estado. Porém, como ele mesmo frisa, a saída temporária da usina aumenta o risco de interrupções, em função da possibilidade de ocorrência de intempéries climáticas a partir deste mês, fatos comuns para o período. A térmica está paralisada desde o dia 26 de agosto por falta de gás natural. O governo boliviano determinou corte de 100% no suprimento ao Estado e desde então, a Baixada Cuiabana já registrou quatro apagões e o sistema segue vulnerável, principalmente no horário de pico, das 13h às 20h.

Segundo Mendes, o potencial de energia de Mato Grosso é de 1.800 MW, enquanto o consumo, em setembro, chegou a no máximo 923 MW.

Na avaliação do engenheiro, a termelétrica de Cuiabá “é muito importante para o suprimento da Baixada Cuiabana”, especialmente nesta época do ano em que a oferta de energia é menor. “A termelétrica está localizada em um centro estratégico de consumo e é extremamente importante para o suprimento do abastecimento e para dar maior confiabilidade ao sistema elétrico da região”.

Mendes informou que o consumo no primeiro semestre do ano aumentou 11% em relação a igual período de 2006, motivado pela retomada do agronegócio e pela maior movimentação das indústrias. “Estamos atentos ao aumento do consumo e preparados para este período crítico do ano”, afirmou.

Ele disse que a Cemat vem acompanhando as negociações para a retomada da geração da usina, lembrando que a demora na solução poderá acarretar “problemas de queda momentânea de energia” em áreas localizadas, devido à ocorrência de intempéries climáticas. “Não há como prevermos problemas de chuvas, ventos ou queda de árvores”, argumentou.

Mendes informou que em setembro foram registradas apenas quatro interrupções no fornecimento de energia, número que segundo ele são idênticos aos do ano passado.

“Estamos verificando as demandas máximas de energia especialmente para o mês de outubro, que é um mês de consumo elevado em função do aumento do calor”.

HORÁRIO DE VERÃO – Ontem, a diretoria da concessionária concedeu coletiva para tratar do horário de verão. Neste ano, o período começa no próximo dia 14 de outubro e termina no dia 16 de fevereiro de 2008, deverá gerar uma economia de 0,55% no consumo de energia elétrica. Este percentual representa um acréscimo de 10% em relação à economia de energia registrada durante o horário de verão do ano passado, que foi de 0,5%.

Além da economia no consumo, a concessionária local, a Cemat, estima reduzir em 5,64% a demanda no horário de ponta, que vai das 17h30 horas às 20h30.

De acordo com o superintendente de Engenharia da Cemat, com a economia obtida durante o horário de verão – cerca de 10,4 mil MW/h – no Sistema Interligado Nacional (SIN), a Cemat poderia abastecer uma cidade do porte de Chapada dos Guimarães por um período de seis meses.

No Sistema Isolado, formado por municípios atendidos por usinas térmicas (movidas a diesel), a economia este ano poderá chegar a 260,63 MWh em energia e, em óleo diesel, a 78,19 mil litros, o equivalente ao consumo mensal de uma cidade como Alto Boa Vista.

No ano passado, a economia com o consumo durante o horário de verão chegou a 0,50%, com uma redução de 5,81% na demanda no horário de ponta. No Sistema Interligado, Mato Grosso economizou 7,7 mil MW/h e, no Isolado, a redução foi de 192,77 MW/h (57,83 mil litros de diesel).

TÉRMICA – Com contrato de fornecimento de gás natural entre a operadora da usina e a estatal boliviana vencido desde o último dia 30, a planta continua parada. Segundo informações da operadora da térmica, a Empresa Produtora de Energia (EPE), não houve qualquer contato do governo vizinho que sinalizasse uma nova rodada de negociações. Ontem, a Agência Boliviana de Informações (ABI), justificou que o corte a zero é motivado porque o contrato temporário está vencido. Vale lembrar que o contrato provisório entre as partes foi assinado em 22 de junho e renovado por duas vezes. Este acerto reduziu em 50% o volume a ser enviado, passou de 2,2 milhões de metros cúbicos diários para 1,1 milhão/dia, e que mesmo sob as regras de um acordo provisório – que vigorava até o último dia 30 – os bolivianos suspenderam os despachos desde o dia 6 de setembro, ou seja, 24 dias antes do vencimento.

Já com relação à possibilidade de geração via óleo diesel, a EPE afirma que também não há novidades. O Ministério de Minas e Energia (MME) foi pelo segundo dia procurado pela reportagem, mas ninguém se manifestou. A geração a diesel é cerca de dez vezes mais cara em relação ao gás natural. Além dos custos da operação, entraves contratuais com Furnas – que adquiri a energia da térmica – impedem a rápida definição sobre o acionamento das turbinas.

Fonte:Diário de Cuiabá