66% da safra de MT estão travadas no mercado futuro

10 de dezembro de 2007, às 0h00 - Tempo de leitura aproximado: 3 minutos

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De acordo com números da Agência Rural Commodities Agrícolas (AgRural), atualmente cerca de 66% da produção da nova safra estão comercializados no mercado futuro. A AgRural prevê uma área plantada de 5,59 milhões de hectares para uma produção de 16,78 milhões de toneladas. “No momento, além da pressão entre oferta e demanda no mercado mundial, temos um fator que está contribuindo para a valorização do grão a curto prazo: a entressafra”, explica o analista de mercado da AgRural, Daniel Sebben.

Na última sexta-feira, por exemplo, a soja estava cotada no mercado disponível – diga-se pronta-entrega – a US$ 21. “Temos um mercado firme com tendência de alta, isso muito influenciado pela entressafra. Caso não haja nenhum fator surpresa, a evolução positiva será observada até o final do ano”. Sebben frisa que entre o mercado físico e o futuro há hoje uma diferença de cerca de US$ 4, mas que durante a pressão de safra, na colheita, pode recuar para até US$ 2, mas é uma diferença considerável “quando estão em negociação milhões de sacas”, observa.

O analista explica que não há um limite ideal de comprometimento antecipado da safra, já que cada produtor tem um custo e uma necessidade diferente e ainda variável de acordo com a região produtora. “O correto é vender o suficiente para garantir insumos e uma rentabilidade mínima. Mesmo porque, até que a colheita se encerre, a estimativa de produção pode ser frustrada por fatores alheios ao produtor, como ataques de ferrugem, por exemplo, que vão reduzir a produtividade por hectare e consequentemente, a produção”.

O analista explica que tradicionalmente, produtores das regiões norte, médio norte e oeste são os que abrem a temporada de vendas antecipadas, mesmo porque, são os primeiros a plantar a nova safra brasileira da oleagionosa. “Para se ter uma idéia, 100% da região norte e oeste está com o plantio concluído, enquanto que no sul do Estado os trabalhos devem finalizar neste final de semana e no leste cerca de 90% da área está coberta com a soja. Por essa diferença, o plantio no Estado atingiu na semana passada 97% da área plantada”. Obedecendo ao comportamento dos produtores, fica explícito que os sojicultores das regiões sul e leste obtêm melhores cotações no mercado futuro, visto que entram mais tarde na negociação. “Enquanto boa parte dos contratos no norte e oeste ficaram entre US$ 11,50 e US$ 14, no sul mato-grossense, por exemplo, a fixação salta em média de US$ 13/14 para até mais de US$ 17. Quem fixou em novembro, teve melhor preço”. Sebben destaca, no entanto, que 50% dos produtores do norte/oeste fixaram entre US$ 11,50 a US$ 14 e que cerca de 5% da produção do sul do Estado conseguiu fixar em preços acima de US$ 16.

Questionado sobre a antecipação das negociações futuras neste ano, iniciadas em fevereiro – ao invés de maio em diante -, o analista explica que houve um tripé que fomentou a precocidade do mercado. “Excelentes preços internacionais, alto índice de endividamento que reduz as possibilidades de o produtor obter juros mais baratos nas instituições públicas e o último e também muito importante fator, foi a lição dos anos anteriores. O produtor aprendeu a planejar a safra e aos poucos vai aproveitando os piques do mercado, comercializa a produção antecipada e garante preços mínimos à atividade”.

Fonte:Diário de Cuiabá